Era uma
caminha apertada
As paredes
próximas
Mãos mais
que bobas, tóxicas
Os corpos
suando quente
Dava pra
sentir os corações
E o amor
tava tão exprimido
Tão gostoso
e bem dirigido
Aquelas
partes ardentes
A cozinha
do trailer era pequena
Mas dava
pra fazer ovo frito
Eu muito
curtia fazer o café da manhã
Quando tava
pronto só se ouvia o grito
Ela tinha
aquele sono pesado
Que tinha
que ir lá olhar os olhos fechados
Bonitos, na
pele bronzeada,
Nos calos
do pé lindo e viajado
E na
primeira fala do dia,
De timbre
que me deixava delirante
“Que horas
são?”
Assim você
me mata, quem diria,
Você tá
acordando e me dando questão banal
Quando do
dia não importa que horas são,
Mas quanto
tempo vamos gastar durante,
Mas antes
que você me pergunte de novo,
São seis e
meia da manhã.
Ele a olhou
e disse com sua cara de pacato homem tolo e feliz:
Você está linda, mas já dormiu 16 horas. Levanta
que chegamos em Santa Catarina e eu vou dormir, com prazer. E você vai levar o
trailer pra um motel, sem desculpa. E daqui há 4 horas eu quero que me acorde e
que subamos pro quarto pra transar o dia inteiro. Bem-vinda ao meu sonho de
saboreio, meu amor. Feliz ano novo, logo renovamos nosso contrato de 1095
orgasmos por ano.
Ela
beija-a.
Boa sorte.
Cai e
dorme.
E os dois
dormem.
Mas em
quatro horas tudo estava como ele havia pedido.
E no fim do
dia,
Sonho de
saboreio.