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quarta-feira, 25 de março de 2015

Anomalia

Já faz um tempo que eu to pouco fodendo pra se eu vivo ou se eu morro
Meu esquecimento é cheio de lembrança
Meu nada é cheio de tudo
Meu tudo bem é cheio de males
Envolta do meu umbigo não gira o mundo
Mas eu faço de conta

Já faz um tempo que eu fumo cigarro vagabundo
E minha carteira anda vazia
Já faz um tempão que não tenho na minha mão a seda de antigamente
Já faz tempo que procuro trabalho
Fujo de mim mesmo correndo pelos vales cheios de folhas
Eu deito, fecho o olho e durmo
Me pareço anormal pra minha própria desconfiança
Tenho o odor natural de quem se engana
Eu ponho a culpa no meu signo ascendente
Meu inferno astral é cheio de mentira

Já faz um tempo que eu tomo um porre quando nem passou o efeito do último
Já faz um tempo que eu me escondo dela e ela nem me procura
Já faz um tempo que eu sou bobo e não sou digno de pena
Eu manipulo, minto, me faço de obscuro, quando sou a luz da perseverança de continuar vivendo

Faz um tempo que parei de procurar a felicidade e procurar cana
Faz um tempo que eu me desfaço e desisto de tentar ser bacana
Faz um tempo que estou mal nos estudos e não me esforço mais
Faz um tempo que sou feio e não me preocupo em ser bonito
Eu exagero, mas que faz tempo, faz

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