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sábado, 30 de maio de 2015

Café, Deus e Cigarros

O otimismo forçado foi outra daquelas velhas histórias que não dão certo.
A mais frustrante delas, inclusive.
De todos os dias que eu já tive, entre os mais negros, entre os mais claros, entre os mais certos e os mais errados, entre todas as coisas que eu conheço, nada jamais foi tão cliché quanto escrever este texto.
Ter que retratar para si mesmo com o fixado egoísmo, e querer mostrar aos outros com grandes pitadas de narcisismo, que eu falhei outra vez.
Sentindo os braços agarrados por forças que não posso compreender, ignorado pelo mundo, acolhido por Deus.
Outrora, aqui estou eu. Agora, tudo fluirá de volta, como era, não deveria ter deixado de ser.
Perder é um estado natural dos fracassados, e os fracassados sempre querem acolher coisas das quais sabem, nem que no mais íntimo deles, que não podem ter.
Aqui estou eu novamente, talvez não um eterno fracassado, mas um fraco, com certeza.
Pedindo força aos braços, sinto eles leves, e me levo a outro cigarro. O acendo, e sinto-os pesados, os braços velhos e cálidos, de uma alma quase esfarrapada.
De tão longe, de banhos longos em lagos do Vale da Morte, por onde os espinhos por sobre o chão ainda não provei, procuro ainda pelas minhas verdades.
Estou amarrado a coisas que não posso entender.
Que não querem que eu entenda.

Junto um pano que caiu no chão. Bebo outro gole do meu café. Conto o passado. Provo um pouco mais do gosto que já conheço tragando o meu cigarro.
Pelos clichés, que mais sou se não sou apaixonado?
Café, Deus, cigarros. E um cinzeiro do lado.

Errar

Corroer
Desfazer
Recarregar
Repetir

Errar
Desprezar
Acertar
Errar

Errar
Errar
Errar
Errar
Errar
Errar

Cair.

Corroer
Desfazer
Repetir
Morrer.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Eu

Nós não fomos feitos por um escritor de romances. Fomos feitos por um ótimo desenhista, que chega até a preferir as linhas tortas quando escreve, um senso de design peculiar. E vou te contar, cara... Quando Ele se senta na sua escrivaninha pra escrever, com seu café do lado, e quem sabe até um cigarro, e decide fazer um plot-twist...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Sem ponto, acento, letra maiúscula

Eu sou Nícolas
Mas quando nicolas
nu e cru
sem ponto, acento, letra maiúscula
deixo de ser observador
fecho meus olhos e os ouvidos também
paro de escutar a música
não me movo conforme ela
sou um inútil deitado na cama
Se volto, amém
Mas nem com esperança
Deixo de ser um robô
Que ofensa

quando nicolas
sem ponto, acento, letra maiúscula
lixo
eu não quero tomar nenhuma decisão
Quando normal danço conforme a letra
não sou um compositor de canção
sou de contos
vistos vencidos repasso então
eu vou vendo e fazendo
repetindo o falso moralismo imposto
não tenho motivação
nem vontade pra mudar
não sou verso
nem quero alcançar o refrão

Se volto, também
Continuo a observação
Durmo, acordo bem
Talvez não
E quando eu vou dizer
O que realmente quero dizer
Eu vou ferir alguém
Eu sou apenas Nícolas Ninguém...

Resetar

Em toda relação vai ter um momento em que eu insistentemente vou pensar que seria perfeito se eu pudesse resetar pro zero e nunca fazer a pessoa gostar de mim. Não importa o que eu sinto, só quero evitar o compromisso e o sofrimento dessa pessoa. E assim seguem todos os meus amores, todos os meus amigos.

Álvaro

Palavras de Fernando Pessoa, sentimentos de Eu Ninguém:

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fliperama

Não é suficiente
Falar quanto quero
Se eu não faço

Minha mãe disse
Quem quer se matar
Não fica anunciando
FAZ

Da shrink said
Three times left
Sad
But truth or dare

E eu tou só por tentar
Eu tou só por me matar
Eu tou só por parar
Com meus anúncios sem propósito
Tou só por fechar esse canal vicioso
De viver e anunciar o que eu faço
De escrever e embelezar a minha loucura
E enfeitar meu descaso

Três tentativas restantes
Suas fichas estão acabando
Coloque mais uma moeda

Essência

Fumo
Até arranhar minha garganta com o veneno
Trago
Até queimar minha língua com a fumaça quente
Eu estava destinado
Marlboro e Coca-Cola

Coca
Que vira água de tanto tempo com o gelo no copo
Acordo
E não durmo até a exaustidão me tomar o corpo
E me levar a alma
Se a morte me quiser então eu já concordo
Porque eu não quero mais nem um segundo
Dessa decadência que eu sou
E todas as coisas que me tornei
E do egoísmo de só falar de mim
Essas palavras são tudo que eu dou
Essencialmente sou isso
Falo disso
Fim

Antigos coraçõezinhos

É estranho ter sentimentos
Quando antigos coraçõezinhos
Levantam quando você chuta a poeira
E enchem o ar
Aí seu coraçãozinho se espreme dentro do peito tentando desviar
Só que é tão difícil lidar com isso
Que você sabe que se jogaria do precipício
Se a pessoínha pedisse
Mas que raiva que dá
E você não pode fazer nada
Porque mais que você quisesse
Você não iria querer se afastar
E só queria um último beijo, ao menos
Pra se despedir
Mas você vai adiar
Até que possa falhar
Com todo o estrondo da batida
Que esse piano fará caindo no chão
Lá do oitavo andar
Sem perguntar o que você sentia
Ou se você queria que fosse assim
Mas vai saber disso e deixar que aconteça
Porque você quer o melhor beijo afinal
Mesmo que valha a pena caso não aconteça
O pior soco na boca do estômago depois
Você vai deixar...
E o tempo vai passar...
Só espera o soco, morde o lábio e aguenta o choro
O tempo vai se alongar...
Mas vai chegar o caos
E aí você vê no que vai dar
E aí você aguenta o resultado.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Status quo atual

Os meus cortes me denunciam ser a pessoa mais desprezível do mundo. Mas são os meus cigarros que me preocupam. Eu sou alguém que não tira a pulseira +18 quando sai dai das festas, pra tentar entender porque ainda não amadureci. Eu tenho tantos problemas, que não sei qual solver primeiro. Eu tive tempo pra parar todos antes de começarem, mas eu precisava provar pra mim mesmo que conseguia parar eles depois. E aqui estou eu. Eu não posso. Mas era o que eu queria. Descobrir se era melhor eu morrer ou se eu tinha vontade verdadeira de viver. Eu não tinha. Mas eu não quero morrer. É minha maldita religião, meu medo do castigo eterno. Eu não temo por mais ninguém, só por mim mesmo. E isso é ruim, qualquer dia esqueço das religiões e me enfio uma faca bem amolada no olho. Mas eu não quero morrer. Mas eu não quero viver. Eu não quero falar com ninguém. Eu quero olhar pras minhas paredes verdes, sem sentir nada. Mas eu sinto, e com agonia eu evito sentir. Qualquer tipo de vergonha, arrependimento, raiva. Eu queria que alguém me acolhesse, e me levasse pra longe de todos esses problemas, os tornassem a arte que eu faço de conta pra mim mesmo que são de vez em quando. Eu não me importo com mais ninguém. Eu queria abandonar todos, mas eu vou sentir saudades de ser incomodado, ferido e julgado. Mas eu não sei mais de nada. O que será que aconteceu? Eu não sei. Eu sei algumas coisas que me ajudariam, e eu evito elas... Eu sei alguns acordos quais fazer, mas não os cumpro. Eu sei de alguns muros, e não os construo. Eu sei de alguns argumentos, e nem uso. Eu sei de algumas notícias que eu ignoro. E minha vontade, onde foi parar? Ela só volta de vez quando pra me provar que existe ainda, mas quando preciso ela não dá as caras. Qualquer hora eu desisto de ter vontade. E aí sim, Deus, o que resta pra mim nesse mundo? Vai saber... Vai se saber... Saber... Saber? Reticências. Meu status quo atual.

Tripudiação

I
Me vences sem nem querer
E cansas teus pés em cima de mim
Às vezes a gente pensa
Que todo mal durará
Mas os piores te levam a crer
Que nem querer pode afastar
O mal pra sempre restará
E tudo que limpas dele irá dobrar
Vais se espalhar
Invés de aquietar
Irás matar a tu e à tua alma
E não há totem que proteja

II
Mas calma que vem
Dia melhor pra secar as águas
Da chuva da tempestade
E as cicatrizes você tapa
Com o mesmo pó que tapa teu rosto
E depois pinta um sorriso
Pinta uma tatuagem bonita
Calma que vem
Dia melhor pra secar as águas
Da chuva da tempestade...
E o sol vai brilhar com muita vontade.

Quando eu nasci, drama foi injetado no meu sangue.

Eu quem roubo

Me dá
Que eu quero
Me dá
Que eu preciso
Usar das tuas coisas
Pra provar que as minhas
Fazem todo o sentido

Me dá
Que eu abusarei
Em todos os campos da sabedoria
Que eu sei
Me dá
Não vou chamar de meu
Você perceberia
Se eu não fosse tão opaco
Que eu gosto disso

Me vende
Sabes que rende mais
Mas gostas do meu usar
Então me dá
Deixa eu aproveitar
Todas as tuas coisas
Não as jogue no mar
Continua entre nós
Me dá tudo
Não deixa livre
Porque isso pode se desgastar
Não deixa mudo o que se pode gritar
Não toca tudo no mar
Me dá...

Pressentimento

O que os olhos não veem
O coração pressente,
Mesmo na saudade
Você não está ausente.
- Nando Reis

Gretchen and Jimmy

Texto retirado do blog Incoerência, Tua.

A eterna batalha dos sexos.
Ego versus Ego,
Parceiros sexuais.
Promessas orgasmos e ausências.
Desabafos, dividir o prato,
Seja ele de ódio ou de satisfação.
Não pude falar contigo hoje,
Foi ela ou foi ele.
Aprenda a esperar quando eu não ligo,
Que eu aprendo a ser um amigo melhor.
Amizade,
Com planos para o futuro
E ciúmes espalhados por toda parte.
Discursos contraditórios,
Textos e mais textos sobre tudo.
Uma necessidade terrível de equiparar o status.
Passados férteis,
Futuros desfocados,
E as declarações impertinentes
Sobre um avião qualquer.
É isso,
É assim que tem que ser.
E ele e eu e tu e ela
E todo o caos novamente organizado.
Umas porradas, umas três gotas de sangue,
E tudo se acerta na nossa bagunça.

Nunca vai acontecer

Eu vivo na Terra do Nunca
Onde espero algo acontecer
Você me manda cartas
Dizendo que vai logo vir me ver
Mas eu insisto
É impossível de prever
Talvez haja jus ao nome
Mas nunca pare de tentar
Porque vai continuar sendo nunca
Se você nunca me encontrar

Ninguém envelhece
Ninguém nota
Ninguém percebe

Ninguém cresce
Ninguém entende
Ninguém comenta

Ninguém ama
Ninguém quer
Ninguém transa

Eu conviveria com isso com minhas folhas de cerejeira já alaranjadas caso isso continuasse, mas o pior de tudo é que ninguém acredita em magia, ninguém acredita na magia que nos cerca, e esse mundo continua tão vazia, tão cheio do odioso nunca...

Ninguém cresce
Ninguém entende
Ninguém comenta
Ninguém ama
Ninguém quer
Ninguém cansa

Dois mundos

Teu certo
Tuas botas largas
O assento de pedra
Os cigarros sujos de batom
Os olhos de marrom
Eu queria estar aí
E compartilhar tuas blasfêmias

Aí, garota
Os beijos seriam mais longos
As noites mais quentes
Não seria frio
Os vesgos...
Enxergariam melhor
Tudo que penses
Penses em abril
Nós dois somos juntos
Juntos pra todos os sempres

Mas tá certo também
Ficar longe de nós
Dois mundos não convivem
Ainda estaremos a sós nós dois
Acredite num tempo um pouco
Pouco mais além

Mil quatrocentas e cinquenta e uma ovelhas correm em direção ao precipício. Minha cabeça corre na tua.

*Esquizofrenia

(...)É uma espécie de esquizofrenia.
Você é a minha esquizofrenia mais maravilhosa.
E se você virar depressão eu corto os pulsos.
E vale a pena? Claro!
Mas não pode ser assim todos os dias.
(...)
E eu nunca me senti tão livre.
Liberty.
Você sussurra o meu nome
Nos olhos de todas as outras pessoas.

Espíritos são livres, espíritos passeiam por aqui.

Maldita borracha

No banho me escreves textos
Teu dedo é o lápis
Tua borracha o gozo
Por isso nunca os conheço

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Heaven or Hell

I have to say
If I stuck all my feelings behind my eyes
I could not survive
boom!
But if I had you
I know I could...

Know when everything explodes inside out of me
You'll be there to hold it on your own arms
And your strenght is your love
So I know my fears couldn't fight up against them all
Those charms you have

After all
You'll have to know you have to have myself for you
To protected you the same way you do
Whenever I can
Wherever I am
I'll fight for you anyway
Even if I die
I'll be fighting for warm up your sit in heaven
Or hell
But stay
For the end of your days
Don't you ever dare to let our human race dies
Without to know how beautiful colors your dark shadows are keeping in the core
And remember how my love feels
Whatever worst you are
I'll be your lipstick
I'll be your high heels
I'll be your strenght
I'll be your strenght

That's the pray
I'll obey your call
I've already said
Whenever I can
Wherever I am
In the bright of the heaven
Waiting to bring you up
Or waiting to push you down
In the heaven...
In the hell...

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Nós


A Fantasia da Festa

Mascar gomas até endurecerem
Beber whiskey com gelo num copo maneiro
Fumar cigarros até não poder mais
Escutar Nirvana até os tímpanos estourarem
Foi uma festa legal.

Estadia

"Você é a morbidez mais bonita que eu conheço. E agora, você fuma os teus 52 cigarros, eu fumo três e me sinto mais perto de você. E agora você se corta incontáveis vezes, E eu te sinto mais perto da minha maldade. E é quando dói que existe, não é? E é quando eu amo que dói. Doer é bom, afinal.

E como é que eu te explico que te quero bem, quando a sua dor me apaixona?

Como é que eu te convenço de que existem várias coisas boas depois de venerar a morte? Será que basta se eu disser que me sinto imensamente viva enquanto finjo que estou perto de você?

Isabel.

Isabel sabe de tudo. Isabel conhece a morte e prefere viver.

Isabel.
Isabel te ama.
E também Diona.
Débora ama você.

Talvez não seja nem de longe suficiente pra suprir essa demanda nossa de esperança.

Mas fica.

Hoje. Tenta de novo. Tenta mais uma vez. Quando no fim das contas, Continua sendo você que me dá vontade de existir além de sobreviver."

Acho que nada se compara a ter você distante de mim, aqui do meu lado, quando eu penso em ir embora e dar logo um fim a tudo. Embora eu pense que ir embora é melhor, noutra vida não tenho tu. Embora noutros tempos não existia frio e chuva, a tua chuva, não a maligna, meu amor, tu és uma das minhas maiores motivações nesse agora. Te tranquiliza, deita no meu colo, te acaricio os cabelos, porque por enquanto, relaxa, ainda está dia.

Marcas mesquinhas

Sangrastes pouco, amigo
Mas certo dia receberei o que mereço.
Algumas coisas na vida são mérito,
Outras ganas de mendigo.

Matrona do meu cerebral colégio
Aprendizados que eu nunca coletei
Marcados como um fogo aceso
Como todos aqueles a quem amo mas queimei

Desenhos célebres afinal
Espelho embutido no pulso
Levo-os a qualquer lugar, dia/noite
Como no peito, os amo, venero, uso

Minhas marcas mesquinhas
Esperando se tornarem minha sorte
X -  Proteção dos meus medos abissais
XI - Sucção dos meus medos da morte
XII - Afirmação da minha vida em ação
XIII - Hemorragias sensacionais
Autobiografia, autópsia, recordação.
Autoflagelo, conquista, ambição.
Minhas marcas mesquinhas estão comigo
Seja lá onde for que elas vão, eu estou lá
Desta vez tu sangrastes pouco, amigo.
Da próxima...

Autoprofecia Infernal

Quando a chuva chegar de novo
O terceiro estilhaço o ferirá
As ruas estarão cheias de sangue
Mas será a penúltima vez, amigo
Você nunca mais irá se cortar

Mas quando a tempestade chegar
Não haverá alma no mundo que impeça o demônio
Será o abate o terceiro dos riscos
Não terás mais nada a perder, vais arrancar
De uma só vez
A vida que te corre os pulsos
Pois serais indigno
Expurgo

Preste atenção em todos os sinais
Quando a próxima chuva cessar
Tudo estará bem em seu rosto
Não sofrerás a pele mais
Mas se uma nuvem nos céus pretear
Corta até o músculo e deixa sangrar
Bate no osso, abre a ferida,
Grita de dor, empalece o pulso

Não terás mais nada a perder, vais arrancar de uma só vez a vida que te corre os olhos, pois serais indigno. Expurgo.

Apelo de amigo

Não...
Se mata
Vamos voltar a ser o que éramos antes
Com nossos bibelôs na estante
Licor de mentes vazias

Sexo...
Prioridade
Na mata
Cansaço alucinado
Corante de olhos azuis

Vamos voltar a ser o que éramos antes
Nos dedos cruzados
Nos dedos grudam as coisas
Dedos suados, gozados, resfriados
No nariz gelado
O beijo de amantes
Nas minas internas
Diamantes roubados

Vamos voltar a ser o que éramos antes
Perdidos, achados,
Loucos de pedra, cuca rachada
Vamos correr pelos campos
Apelo de amigo, volta pra lá
No âmago...
No interior...
Te todo o problema
Para de invejar as pessoas de cabeça pequena
A ignorância
Desesperança
Melhor que...

Não se mata
Volta pra casa
Volta pro colo
Vive de nada
Trabalha e reza
E se permite morrer
De velho
De novoutra vez!

Vamos voltar a ser o que éramos antes
O que éramos antes
Sem sonata de despedida
Sem carta suicida
Sem mágoa do amor perdido
Sem dor do pulso cortado
Sem desamparo
Engrandece esse ego porque?
Se é tão grande pode te esquentar
Volta pra casa, se enrola em si mesmo
Vive feliz, vive disso, vive daquilo
Apelo infeliz do teu eu esquecido
Volta pra mim

Não...
Se mata.

Não...
Se mata.

Não...
Não...
Não...
Não...
Não!

DEATH DEATH DEATH DEATH DEATH DEATH DEATH DEATH DEATH

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Borracha

Me sinto tão sozinho
Winds of change
Me sinto tão triste
Querendo chorar
Me sinto tão calminho
Queria me apagar
Me sinto tão triste
Queria me extraviar
Queria logo melhorar

Me sinto tão sozinho
E triste
Queria me aquecer
Queria passar
Me sinto tão tristonho
Moribundo
Queria passar tinta branca
Queria passar por cima
Não ser chamado de vagabundo
Queria ter vontade
Queria me sentir melhor
Queria ter teu ímã
Possuir, ter, esperançar
Queria que não fosse tão pior
Que quando não existia
Queria uma garantia
De que tudo fosse voltar
Simples, ao alcance de um estalo
Queria não chorar
Queria não precisar de carinho
Autossuficiente como um passarinho
Não queria ser vassalo
Da escuridão que assombra meus sonhos
Queria não estar tão solitário
Mas eu preciso de mais que um amigo
Precisava de uma lobotomia
Queria simplicidade,
Ah, como eu queria que tudo mudasse
Que as coisas rimassem
Fizessem algum sentido
Nada faz
Me sinto tão sozinho...
Tão sozinho...
E triste.

O pior é que só tenho cigarros e nenhum doce e vão me xingar por fumar como não iriam por eu ter comido desesperadamente.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desenho

Olhinhos
Riso e comentários de matar
Pele que desliza suave
Uma vontade incontrolável de te beijar

Passos até a porta
A calça vermelha
O rebolar.
Te vejo pela janela,
Inacreditável te amar.
Mas eu não evitaria
Como evitas me olhar.
Como empurras meu carinho
Como amas meu chupar.

Escorada no portal,
Escorada nas minhas costas,
Suspirando no meu ouvido,
Se distanciando devagar.
Evitando contato visual com meus escritos,
Mas aprecio seu afagar,

Teu lábio
Teu mexer no cabelo
Teu encostar
Teu beijo no olho
Teu reflexo na minha pupila
Meu reflexo na tua lagoa de adoração
Teu arrastar de mão
"Não me olha"
Como se fosse de se envergonhar
Sei que tu adoras meu encarar

"Gostou?"
"Não li ainda, vou deixar pra quando terminar"
Enquanto isso vai fazer de conta que me ignora,
Querendo cheirar meu tal cheiro de feijão
Tentando fugir da tentação de me sentir mais e mais
Mais tarde vamos nos perder nos cobertores outra vez
Vamos ter trajes de pele na pele com sussurros banais.
E quando ler vai dizer que "gostou"
E quando outros lerem não vão entender
E quando eu explicar vão me achar apaixonado
E quando eu me apaixono você vai notar
Quantas vezes nesse recanto de café e cigarros vou te descrever.
E você é só minha.

sábado, 2 de maio de 2015

Dia de Psicólogo

Dia de ir aos olhos atentos
Dos ouvidos quentes
Das palavras menores que o esperado
E o resultado lento, mas satisfatório.
Dia de psicólogo.
Dia de por tudo pra fora.
Dia de esperar que qualquer coisa aconteça,
Que só acontece por dentro.
Parece pouco, e é tanto,
Tanto pra tão pouco.
Talvez seja exatamente o que eu precisava.

Sentidos

Eu odeio o cheiro e o gosto do cigarro
É quando você está comigo que eu vivo
Tudo faz sentido
E eu nem sequer cogito atrocidades

É quando a noite solitária me atinge na cabeça
É quando o suicídio toca pedras na janela da minha mente
Que o cigarro me é um marshmallow
Que nada faz sentido
Que eu acredito na salvação pela morte veemente
E quando eu sei que essa hora chegou?
Você foi embora sem ter se despedido
E a despedida que quero é que você fique
Que passe a sua eternidade comigo

Então me diz se eu sou louco
Se quando você está aqui é o único momento em que tudo faz sentido.

Egoísta

Eu sou um egoísta
Esquecendo de falar das coisas belas.
Contraditor, mas bem observo as belezas.
Trancafiado em cela bem escondida
Lá está meu ânimo para boas poesias.
Mas a chave está no simples perceber de ser desagradável.
É bonita a maestria das sinfonias de Beethoven.
É linda a forma como as palavras entram em sintonia.
É linda a pintura que Deus fez nos céus
É magnífica a lava que escorre do vulcão
É sensacional o gozo de uma boa alegria
É extraordinário a vida na inocência animal
Ao cordão, ao pardal, o canibal, o abissal, o destroço
O meu fingimento, o meu sorriso, o meu cabelo,
O meu depravamento, o seu seio, o meu pau,
O castiçal, o vinho, a vodka, o limão, o sal,
O perdão, a culpa, o sangue, o violão,
O som, a partitura, a literatura, a amargura, a doçura, a loucura, a psicopatia,
As minhas palavras de completa empatia
Eu sou um egoísta
Forçado uso rimas para agradar
Forçado faço uso do meu talento
Forçado pelo meu egoísmo
Forçado em conseguir atenção
Faço isso só pra gastar meu tempo.

Inútil

Eu sou um inútil.
Irei me punir até que acabe a minha vida.
Porque todo problema que me aparece eu quero morrer.
Minha vida é uma lista de coisas a resolver.
Meus planos são um documento vazio e fantasioso,
E quando me perguntam o que eu quero ser
E digo coisas das quais vou me arrepender.

Meu pulso denuncia
Resumo de todos os meus fracassos
Não sei sangrar
Nunca chegarei a ter minha filha
Quem dirá formar uma família.

Tolo é aquele que me acha inteligente.
Tolo é aquele que aposta em me ajudar.
Tolo é aquele que pensa que fará diferença
Presente em todos os meus dias.
Todos deveriam me abandonar.

Porque eu sei que assim que a vida se mostrar nua e crua
Eu irei me matar.
Porque eu sei que todos os que me amam não são nada
Me encontrarão na rua,
Não vou avisar

Não quero um, quero vários brindes à corda
Envolta no meu pescoço,
Com os lamentosos do massacre segurando taças de champanhes
Vestindo o negro para homenagear a minha alma.
Será que sabem que meu caixão deverá ser branco?
Eu vou flutuar nos mares da morte indigna com outros navegantes

Valerá a pena ir para o inferno em vista da merda que foi criada.
Sofrimento eterno me é pouco se algum dia escolhi viver.
Minha vida boia nessa grande privada.
Que lugar escolhi para nascer!

Parece muito mais uma grandessíssima piada.
Vergonha na cara é o que meu anjo da guarda procurava,
Ainda deve estar procurando,
Pois me deixa ao encargo dos demônios de todas as tentações.
Ou talvez desistiu de mim, ganhando mais ao cuidar de outro.

Talvez eu deva ir logo, talvez eu vá prosperar.
Talvez eu nunca mais vá sorrir novamente,
Talvez eu nunca mais vá me orgulhar.
Talvez eu seja o maior Vencedor, mas, infelizmente,
Talvez eu nem deva tentar.
Quem sabe eu evito e opto logo pela morte?

Que vida intrigante.
Uma hora estou aqui, outra sou própria contradição dos meus pensamentos.
Uma hora respiro e outra sou cadáver.
Uma hora sou Nícolas, outra hora só mais um viajante.

Uma hora você acha interessante minha premissa
Outrora já nem leu este texto.
Quem sabe eu deva me calar, morrer, ir à missa,
Quem sabe eu vá me curar?
Quem sabe essa palhaçada nunca terminará?
Quem sabe eu nunca vá conseguir expressar tamanha decepção,
Quem sabe eu volte são e ascenda aos céus por meio do perdão,
Afinal que erro eu cometi?
Afinal, porque eu persisto em insistir?
Afinal, porque eu não simplesmente agora me termino?
É, fim.

Várias linhas desnexas

Todos os sintomas apontam saudades
Mas as placas dizem que esse é um caminho sem volta
Mesmo que o vento me empurre pra lá
Exatamente no âmago dos meus problemas
Meu conforto está em esperar a hora certa
E o desconforto em ela nunca chegar

Poemas ou têm pontos ou vírgulas ou nada
Minha vida ou tem um fim ou problemas ou não é nada
Minha pele soou agonia
Minha mente suou plasma
Caiu em vão a espada que eu nem tinha levantado por inteiro
Choro em dessintonia com minha alma escura
Nunca me basta cair uma, duas, três vezes
Tenho que continuar tentando, e é tudo em vão
Sempre volto pra cair no banheiro
Sem forças, sem lucidez, pra dormir no chão da cozinha
Pra fazer minhas mulheres de cozinheiras
Pra exercitar meu feminismo falso
Pra ser preguiçoso, pra não lutar por nada
Fazer de conta que luto por tudo
Pra escutar o barulhinho de chuva
Que só tuas confissões têm
Pra continuar gritando enquanto estou mudo
Pra nunca me bastar escrever mais e mais linhas
Sem dizer uma única palavra
Não convém ser feliz a quem eu sempre iludo
Não cabe a mim dar prazer à quem não quer
Não faz jus à expressão tua voz rouca
Há em todo verso a rima que rimo sem parar
Eu aceito o que vier, qualquer coisa que vier
Mas nunca me levanto pra caçar o que é bom
Nem o que é ruim
Nem coisa alguma que eu não amar.

Meu Cabelo

Mamãe vai cortar meu cabelo à noite.

Pela manhã eu perco minha identidade, gritando com os meus pais.
"Porque eu não posso ser quem eu quero ser? Eu só quero ser eu mesmo e que você me ame por quem eu sou. Quero ser eu mesmo e que você saiba: eu sou o meu cabelo."

Já chega, essa é minha única oração: "Eu vou viver livre como meu cabelo."
Já chega, eu não sou um doido, eu só continuo lutando para ficar bem nas ruas.
Eu tive o suficiente, já chega, já chega, já chega, já chega.

E essa é minha oração, minha última palavra para o resto dos tempos: eu sou livre como meu cabelo. Eu sou o meu cabelo.


E essa é minha oração:
"Eu só quero ser livre, eu quero ser eu mesmo e que amigos me convidem para as suas festas. Eu não quero mudar, eu não quero ter vergonha, eu sou o espírito do meu cabelo e essa é toda a glória que eu tenho.
Eu sou o meu cabelo."


Adaptação da letra da música Hair, Lady Gaga.

A História do Vencedor do Povo

Lutar para vencer,
Vencer para prosperar.
Aquele que cai,
Caiu e não levantará.

Outro pode se erguer.
O fraco sobre o pequeno,
O ambicioso sobre o avarento,
O rico sobre o pobre,
Até que renasça das cinzas
O Vencedor do Povo.

Não terá um que não ouça seu nome,
Haverão muitos que nunca estarão em sua presença.
Poucos serão beneficiados,
Mas o trabalho estará feito.

O sangue escorrendo pela adaga será a sentença
E a sua depressão será o mundo nunca se curar.
Diante de seus olhos serão apenas as guerras,
O sangue escorrendo pela adaga será a sentença.

Como sempre falhou, o Vencedor do Povo falhará.
Como sempre caiu por si só, cairá.
Como sempre espreitou a janela do pós-vida,
Espreitará
Morrerá,
E como sempre foi o povo, o deixará.

Sou um aprendiz

Eu sou uma criança
Envolta das minhas fantasias
Da magia de ver o mundo diferente.
Sou ainda adolescente,
Pagando minha fiança por ter nascido.

Sou um aprendiz,
Sou a luz mais reluzente,
Sou eu que tenho que mudar tudo,
Sou o elegido do meu interior.
Sou o vencedor do povo.

Sou aquele que não está na história,
O que irá fazê-la.

Eu sou quem pode ser qualquer coisa,
A criança exterior.
Sou mais que um Peter Pan,
Sou a cegonha que me levou,
Sou o chamado que ordenou que eu fosse produzido,
Sou o calor.
Sou o sexo,
Sou o esperma.
Sou a criança.
A incarnação da inocência.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Vive no peito

Deixa eu mamar dessa mamadeira,
Deixa eu viver aqui.
Eu quero isso mais que existe,
Não existe fronteira entre isso e aquilo,
Existe minha boca molhada,
Teu seio, o mesmo gosto da boca,
Não existe eu triste,
Não existe mundo lá fora,
Existe minha boca molhada,
Teu seio, e o mesmo gosto de sempre.

Existe chupar, morder, excitar,
Existe incitar, estapear e, ah - gozar.

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