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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Amigos

Dizem que você nunca irá conseguir mudar.
Te desmotivam, xingam, e chamam de inútil.
Seus pais tentam de forma errada lhe ajudar,
Eles não sabem de nada além do amor que sentem.
Eles tentam muitas vezes em vão ajudar,
São seus únicos amigos no final das contas.
Aqueles com quem você conversa todos os dias
Eles irão te criticar, porque conhecem todos
Todinhos
Os seus defeitos mais íntimos.
É por isso que quando você estiver tentando mudar
Não diga uma palavra a eles.
Você está sozinho neste mundo.
Sua ajuda não virá dele.
Então faça por si mesmo.
Ignore o máximo que puder.
Consiga ou morra tentando.

Rotina

Aprenda a dormir

Aprenda a acordar

Aprenda a levantar da cama

Aprenda a comer

Aprenda a se mover

Aprenda a relaxar
para poder
Aprender a trabalhar

Aprenda a ler

Aprenda a meditar

Aprenda a tocar um instrumento musical

Aprenda a pintar ou desenhar

Aprenda a dançar

Aprenda a se comunicar

E assim que aprender uma coisa de cada vez, aprenda todo o resto.

Aprenda a viver.

Sanatório

Meu maior desejo é nunca ter existido, não existir, e que sempre seja assim.
There is only one path to peace: their extinction.
Na natureza, nada se destrói, tudo se transforma. E é por isso que nós jamais deixaremos de existir. Lástima. Transformação não é garantia de evolução, pois a água quando esquentada se torna vapor, mas depois volta a ser água e chove dos céus. Será, então, que jamais nos livraremos de ter de nos tornar água novamente? Se congelarmos nossos corações e formos cruéis, naturalmente derreteremos com o tempo. Se evaporarmos para os céus, naturalmente cairemos por terra outra vez. Que escapatória temos senão enlouquecer? A Salvação precisa fazer mais sentido do que tudo o que nos foi apresentado sobre a vida até agora. Pois, afinal de contas, nada faz sentido. O café que você bebe pela manhã ou o cigarro que fuma enquanto a água ferve, nada faz sentido. Eu não me lembro que vidas tive antes desta, só sei que agora pago pela crueldade de outra vida.
Esse garoto tem um sério problema com suicídio, mas ele vai enlouquecer antes de se matar.
Pois bem, aqui estou eu, aqui estamos nós. Nada faz sentido. Nada nunca fez. Será que algum dia fará?
Eu só peço a Deus a inexistência. Já desisti dessa ideia de suicídio. Mas eu não quero morrer e reencarnar e viver outra vida. Eu não quero morrer e acordar no Dia do Julgamento e viver uma vida feliz por mil anos, enquanto do outro lado das muralhas do meu reino haverá sangue correndo nos rios e pessoas e demônios convivendo em desgraça eterna. Eu não quero ser pequeno, mas também não quero ser grande. Eu não quero ser médio, nem tão pouco ser um deus. Eu quero que tudo acabe, e se tudo for pedir demais, então que acabe tudo pra mim. Eu não sou egoísta, é só que enquanto o sofrimento existir, serei alérgico a este mundo. Me doo sequer pela existência da ignorância alheia, imagine então dos filhos de Deus que serão condenados ao inferno. Enquanto o bem existir dentro de mim e minha mente funcionar livremente, serei alérgico a existência da maldade. Enquanto o mal existir e também Deus, nada fará sentido. Enquanto Deus for a Força Primeira Acima de Todas as Coisas e também a Última Palavra e o mal existir ao mesmo tempo, injustiça existirá e estará sendo colhida pelo mundo das barbas do próprio Deus. O mal deve ser extinto.
E se Deus não existe, caro leitor Ateu, então todos os cruéis ditadores, psicopatas, assassinos, todas as chacinas, todos os massacres, fazem muito mais sentido do que fazer o bem. Viver por simplesmente morrer de nada saber nunca mais depois disso anula a vontade de viver de qualquer um que seja inteligente o suficiente.
Viver não faz sentido. Sentir não faz sentido. Ter de procurar respostas e nunca ouvir das palavras de Deus não faz sentido. Ter de ter apenas fé não faz sentido. Sofrer para aprender porque nascemos tolos não faz sentido, então que nos crie inteligentes e evoluídos logo de uma vez.
Se Deus é onipotente, onisciente e onipresente, cada pedra que atinge sua cabeça é culpa d'Ele. Ninguém precisa de livre-arbítrio para ser humilhado por aqueles que não o sabem usar.
Eu viverei, praticarei o bem, morrerei, reencarnarei e continuarei o processo. Mas se quando eu ascender aos Céus ao lado de meu Senhor restarem pessoas sofrendo e o mal continuar a ser praticado, continuarei requerendo justiça ou inexistência.
Nada faz sentido.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Carta de Larisse

Fique um pouco mais. Na geladeira tem aquela Coca que você gosta, aquela maionese que você ama colocar no pão e temos pizza de ontem também. Fique. Deve chover daqui a pouco, pelo menos eu ouvi dizer. Mas se não, deve estar quente demais. Sei lá. Fica. Eu ligo o ar condicionado ou fico te abanando, se você quiser. Fique um pouco mais. Ou muito mais. Tem algum maço de cigarros teu perdido em meu armário. Tem aquele travesseiro meu que você gosta de dormir. E eu comprei DVDs legais esse mês. Fica pra gente ver junto.Fica, vai. Eu lavo a louça e posso ler pra você, também. Posso fazer bolo ou pizza de mentirinha. Eu arrumei a cama pra gente. Ou podemos ficar aqui neste sofá cor de ouro envelhecido. Fique. Lá fora, está perigoso demais, eu vi no noticiário. Há trombadinhas por toda a cidade que assaltam em ônibus ou esquinas. E os taxistas também são maus e podem tentar te matar ou algo assim.Fica aqui comigo. Eu estou doente. Olha? Estou começando a ficar com febre, tosse ou câncer, sei lá. Minhas mãos estão tremendo e eu sinto que meu coração está acelerado demais esta noite. Fica para cuidar de mim? Fica, vai. Tua mãe pode esperar. Teu pai pode esperar. Teus amigos também, podem esperar. Até as tuas amigas que não gostam de mim podem esperar. Fica, vai. Manda mensagem ou liga para todos eles e diz que foi por aí.Fica. Tem biscoitos de chocolate na cozinha. Tem livros legais na prateleira. Tem jogo de tabuleiro, baralho ou coisa assim. Tem coisa de beber, de fumar. Fica, droga. Tem seriados legais no quarenta e quatro. Eu prometo não te machucar fazendo cócegas. Prometo acarinhar o lóbulo da tua orelha e te fazer massagens também. Ou te colocar no meu peito e te fazer carinho na nuca até você dormir. A gente pode transar, se você quiser. A gente pode falar mal dos outros ou da gente mesmo. A gente pode ficar em silêncio, também.Você realmente quer ir? Tudo bem. Pode ir. Mas me deixe sua boca. Teus braços. Tua voz. Teu peito. Ou melhor, vai não. Fica aí até amanhã então,na verdade fica aqui pra sempre.
Escrito por L. P. Martins

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Paciência

Paciência colhida das figueiras
Vamos acolher o próximo
Encher o mundo de amortência
Do amor que nasce debaixo das folhas da palmeira

terça-feira, 9 de junho de 2015

Karma

Trinta e nove leões caminhavam pela savana. Um deles se opôs ao mestre da caravana: "Estás pegando o caminho errado".
"Quem de vós concordeis?", perguntou o mestre, de juba negra. Trinte e oito leões levantaram as suas peludas patas aos céus estrelados.
"Quem de vós direis que este quem vos fala deveria ser retirado de seu posto de mestre?", perguntou o mestre. Nove leões levantaram suas patas peludas para o céu.
"Continuei-vos vossa caminhada!", rugiu o mestre.

Meia savana explorada depois, os leões, com calos nos dedos e alguns já fracos, não podendo andar, estavam contrariados. Porém, seu mestre não lhes repetiu a pergunta ou abriu votação.

Durante a noite, Grande, o leão que opôs ao mestre, cortou a garganta deste enquanto todos dormiam.
No dia seguinte, os leões alvoroçados, se interpuseram. "Quem cortou a garganta de Karma, nosso mestre?" perguntou o próprio Grande.
"Só pode ter sido Ária!" apontou Tronco-Torto, com o dedo.
"Pois eu digo que deve ter sido Tronco-Torto! Quem mete o dedo na cara dos próprios amigos sem provas ou sequer pistas? Definharei ao lado de Karma à seguir caminho com este cretino!"
"Então te dás como culpada, Ária?" perguntou Grande.
"Dou minha vida ao lado de Karma a seguir sem saber para onde vou, pois ele, apenas ele, tinha conhecimento sobre o caminho!", rugiu Ária. "Quem cortou-lhe a garganta não tinha lealdade, respeito ou ideia do que estava fazendo! Estaremos perdidos neste mundo, e jamais encontraremos a Terra Prometida de Karma!"
"Pois então teu corpo e o dele serão queimados um por sobre o outro para que seja paga a dívida cruel que foi seu assassinato!", sentenciou Grande. E assim sucedeu-se.

Por mais oito dias caminharam, sem ter para onde ir. Grande seguia o nascer do sol todos os dias, por mais que tinha a impressão de que o Sol estava nascendo no lugar errado. No amanhecer do nono dia, foi encontrado o corpo de Pata-de-Veludo devorado por dentes afiados.
"Desta vez, nosso traidor esfomeado entregou a sua imagem. Tronco-Torto! Desconfio de suas intenções para com nosso grupo!", disse Grande. Tronco-Torto encolheu-se para dentro do chão, rodeado pelos dentes de Grande, que o rondava.
"Juro que não fiz nada, ó, Mestre de nossas andanças! Juro que não fui eu!"
Chama Cinzenta rugiu. "Traidor! Covarde!"
E assim os leões se alvoroçavam.
"Pata-de-Veludo tinha uma juba maior que a sua, Tronco-Torto. Matou-o por inveja?", perguntou Grande.
"A juba de Pata-de-Veludo era maior do que a de Karma", disse Chama Cinzenta.
Grande subitamente parou de rondar Tronco-Torto. "E com certeza você notou que após Karma morrer a única juba maior entre nós seria a de Pata-de-Veludo, exceto se contarmos as suas madeixas, Chama Cinzenta?"
"Minha juba sempre foi muito bem cuidada. Não arriscaria sujá-la de sangue, Grande!", reclamou ele, de peito estufado.
"Chama Cinzenta matou Pata-de-Veludo por inveja!", ganiu Tronco-Torto.
Grande se ergueu em duas patas deixando por debaixo da sombra o rosto horrorizado de Chama Cinzenta. Com os olhos arregalados, o leão mais belo que restara implorou: "Não faça isso, Grande! Estamos todos famintos, poderia ser qualquer um!"
E a patada deferida deslocou a jugular de Chama Cinzenta de uma só vez.

No dia seguinte, os leões estavam exaustos. Famintos. Um deles passara mal, e este era Ossos Largos, o mais miúdo dos leões. Grande ordenou que Tronco-Torto carregasse seu corpo, e ele o fez, de muita má vontade.
Na outra manhã, o corpo de Ossos Largos foi encontrado sem partes da carne e sem nenhuma vida. Desta vez, Grande deferiu um golpe certeiro em Tronco-Torto antes que este houvesse dito sequer uma palavra.

Grande e sua caravana continuaram a andar. Em pouco tempo, alguns leões passaram a morrer de fome, e Grande ordenou que suas carnes fossem devoradas para que não acontecesse aquilo novamente.

Restavam vinte e sete leões. Numa noite com o céu cheio de estrelas, Grande olhou para cima e perguntou para elas: "O que devo fazer? Esta caminhada sem sentido não dará em lugar algum. Todos os meus esforços para guiar este bando infeliz se mostram cada dia mais vãos..."
E então, Grande avistou as estrelas brilharem três pontos que formavam uma seta. Daquele dia em diante, ele riscaria no chão todo o caminho traçado pelos leões para que sempre seguissem naquela direção.

Dias depois, Grande amanheceu morto. Sua garganta havia sido cortada. Perdidos, os leões se voltaram ao único deles que tinha inteligência suficiente para julgar o que acontecera. Este era o Escorpião. Ele dissera que Grande jamais soube para onde todos estavam andando, e que o único caminho certo a se seguir era o de Karma. Assim que Karma morrera, então, os leões estiveram o tempo inteiro perdidos. Ele disse que não interessava quem havia assassinado Grande, pois este havia cortado a garganta de Karma, devorado Pata-de-Veludo e conspirado ao lado de Tronco-Torto o tempo inteiro para que parecessem inocentes. Quando Ossos Largos tornou-se um empecilho, Grande resolveu livrar-se dos dois ao mesmo tempo, seu servo imundo e o corpo sem serventia. Escorpião sentenciou que aqueles que eram fiéis à Grande deveriam seguir seu caminho, que era apontado por três estrelas vermelhas que toda noite brilhavam no céu. Seguindo aquele caminho, encontrariam a redenção e a calmaria. Para aqueles que eram fiéis a Karma, o caminho correto seria aquele que eles quisessem seguir, independente de quem os seguisse e independente de quem seguiam.
Rugido-Potente se pôs a frente de Escorpião e lhe disse: "Você e suas palavras bem formadas, parceiro. Lhe darei um aviso: se mais um de nós amanhecer morto amanhã ou no dia que se seguir, a sua língua será cortada nem que seja a última coisa que eu faça. Seus encantos não irão funcionar novamente."
"Não estou encantando ninguém para que me siga. Estou dizendo que devem seguir a si mesmos. Que devem fazer aquilo que acham correto. Ninguém deve seguir ninguém encharcado de desconfiança e dúvida. Aquele que não encontrar a Terra Prometida por Karma não seria digno de entrar nela. E assim será até o fim de nossas existências."

O Ano da Cabra

Calmaria externa
Sentimentos controversos
O ano da cabra trouxe a paz
Que ninguém encontra no mundo inverso

Se instala uma crise econômica
Refletida nos preços altos para se alcançar algum prazer
Ninguém percebe, será, que nada faz sentido
Se alguém comprasse algo barato, não haveria trabalho ou afazer
E que afazer seria prazeroso, se não tivesse recompensa
Se não tivesse balança ou moeda de escambo
Uma economia anêmica

Shake de sentimentos

Se instala uma crise interna
Dentro de cada ser humano que se vê impotente
E que se revolta contra a própria calmaria
O que iremos fazer?
Se é preciso ser valente, de que vale o fraco e a vadia?
De que vale neste mundo qualquer ganho
Quando a pós-vida nos tira todo ouro, toda fadiga

O que se deve procurar?
Algum trocado, alguma mania, algum prazer escondido
Buscar a calmaria
Se tornar buda, se tornar anemia
A própria decadência infernal, em todos os lados
Em todos os cantos
Meu Deus, o que é este mundo?
E cada mendigo, e cada ser maléfico, e cada karma incerto
O que viemos fazer nesse mundo?

O Ano da Cabra é a crise econômica
E o seu disfarce é a calmaria.

Este ano é um câncer
Não é um signo ocidental
É um sinal de tortura
Uma tortura interna
Uma calmaria aparente
Uma crise gritante
Uma ferida que cicatriza lerda

O que será do ano que está por vir?
Progresso e aprendizado, e nunca um não para novas coisinhas
O Ano do Macaco que se foda
E esta merda que vivo rodeado de mesquinharias?

Grande desperdício de tempo
Escrever um texto que não faz sentido
Como o meio no qual estou inserido

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Vazio Adentro

Dentro é sempre mais dentro
Do que o que o suposto dentro deveria ser
Dentro é sempre mais dentro
E dentro do dentro sempre existe outro
No seu esquerdo, direito e centro
Outro dentro sempre há de emergir dentro

Dentro de tudo que eu entendo é sempre assim
E dentro de mim, porque seria diferente?
Se dentro de todo membro existe outro membro
E entre todos os meus erros e acertos porque haveria uma verdade veemente?

Meu dentro mais profundo está impregnado com o cheiro
De mais um milhão de dentros
E nem dentro do mais oco sentimento se pode chegar ao fim
Sempre haverá outro...

Dentro do dentro sempre existe outro
No seu esquerdo, direito e torto centro
Outro dentro sempre há de emergir.

Amargura, Melodia

Do lado mais estragado deste figo
Vistes a doçura
E da parte dele mais doce
Julgastes a loucura

Quanto te quis adoçar
Negastes com tua impulsiva aspereza
Fugistes como a crueza da gordura no óleo quente
Donde estás a tua sanidade?
Bondade, serenidade, carinho, qualquer coisa
Se não orgulho pra evitar o Abismo?

Você se provaria
Dignificaria
Seria pra mim a verdadeira melodia
Que eu a pensava ser e merecia.

Deixasse entender teus passos, mentiras
As verdades que talvez me sensibilizam
Um dia quem sabe eu te pudesse estender guias
Quem visse Deus e sorrisse
Sem a blasfêmia e a ofensa

Quem sabe conheces da doçura
E julgastes amarga
Cometestes estes erros outrora
Não negue o que um amigo lhe implora enquanto chora

Julgara qual eu tu conhecia
E quando deixastes eu falar com minha voz
Achastes doce a minha loucura
Os ossos nunca estão expostos.
E se Sua voz achares doce
Posso lhe afirmar que então acharás caminhos mais sensatos
E argumentos reais para querer fugir da foice.

Cortinas Queimadas

Enquanto tento te acariciar
Na noite longa do teu lado
Você inconsciente me abandona
Aqui é tão gelado

Alguém saberia dizer?
Se eu perguntasse sobre o chegar do dia
E porque me negavas
Porque ousas se não sabes
Recebes, sorria

É tão triste deste lado.
O tapa que me destes
Amargura estampada que não foi perdoada
O chão ao lado da cama recebe meu embrulhar das tuas vestes
Amanhã você se vai.
Se eu tivesse uma janela alta eu me jogava.

Meu banho é tomado pra te agradar.
Meu dente é escovado pra te beijar.
Minha roupa é rasgada pra me entregar.
Queria do mundo minha existência poupar e a minha janela não existe.
Eu toco minha harpa imaginária.
Tenho calma porque tu quisestes.

Choro por dentro.
Tenho tanta pena.
Saudades também daquele tempo
Em que as lágrimas corriam ao vento
E eu lamento os tantos dedos desperdiçados
As cortinas já queimaram.

Eu morreria por você
Eu mataria por você
Queimado, afogado
Despedaçado a facadas.
Não importa qual dos clichés.

Choro por dentro
Tenho tanta pena
Saudades daquele tempo
Em que as lágrimas corriam ao vento
E eu lamento os tantos dedos desperdiçados
As cortinas já queimaram
De uma vez por todas, já se foram, inteiras.

Saudades, Sorriso

Mil textos
E você continua dormindo.
Milhões de versos
E sua estatura parada.
E os poros entupidos
E minhas costas encharcadas.

Um bilhão de gestos
E sua secura encarnada.
Um trilhão de beijos
E a alma permanece morta.

Será possível eu ser tão sensato
Parado no claro ou no escuro
Tentando te escrever
E sempre fazê-lo pra conseguir a mim mesmo me dizer
Necessárias palavras... Indesejável sentimento.

Singular, pois este o é único e solitário, apenas um ser.
E que me habita.

Será que de tão obscuro
Desaprendi a viver?
Devo ter esquecido...
As portas trancadas com chaves estragadas que tento meter nas fechaduras lacradas
Meu quarto é um buraco arejado sem janelas no qual vivo sem respirar.
Meu tentar jaz vencido.

Meu café esfria e a mente desmente meu amor tão carente
Meu gato acalento, meu Deus me observa e sente meus ombros dormentes
Mas continua a admirar

Calma...
"Karma?"
Misunderstand
Eu o prego na minha alma.

O Cubículo Verde

Não deve hoje existir lugar que eu prefira estar
Não existe melhor espaço para um corpo definhar
Mas minha cama nas madeiras de alicerce
Minhas paredes verdes estranhas
Meu lar.

Verde sempre foi deplorável
Tudo tem um sentido no final.
Eu estou aqui por um motivo
É um castigo imperdoável
E meu destino o que mais se não será?

E o que se não tolice foi um dia pensar
Pintar uma destas paredes de preto
A minha alma é verde
E pintá-la negra é meu pesar

Verde é a esperança.
Branco é o meu sonhar.
E o que é o preto senão minha desesperança?

Tudo tem um sentido afinal.
E eu estou aqui por um motivo
Que não vou perdoar.

E quando a hora de pagar for
E o sofrimento começar
Eu sei que eu vou chorar
Eu sei que eu vou me arrepender
Mas existir nunca foi uma opção
Foi imposto como toda a merda que vai pro vaso
Toda a merda impura que há de se despejar
E eu sou tão porco quanto a impureza que nela há
Sempre houve, sempre haverá.

Tudo tem um sentido afinal.
E eu estou aqui por isso.
Pra querer e não conseguir parar de enxergar.

Eu Li.

Das vezes tantas
Que dancei

Das vezes tantas
Que temi

Das vezes tantas
E tantas
E tantas
Das coisas que eu desisti

Você foi a coisa mais bela e mais problemática que já me aconteceu.

With the lights out is less dangerous
Here we are now, entertain us
I feel stupid and contagious
Here we are now, discuss us

De todas as vezes
Que eu fumei

De todas as vezes
Que eu orei

De todas as vezes
Todinhas
De todas
Você foi o cigarro mais triste que já traguei

Pétalas de uma margarida doce esmigalhadas dentro de folhas de seda
Da mais pura que provei.

With the lights out is less dangerous
Here we are now, deplorable us
I feel stupid and I am moron
Here we are now, we are hopeless

De todas as bebidas que tomei
De todas as comidas que ingeri
De todas as malícias que digeri
E todas as outras coisas relacionadas
Você foi a única que gostei
Até o fim.

E o fim, pra mim, está sempre tão distante
Quanto está próximo
Quanto está inalcançável
Imaculado e impenetrável
But here we are now, maintain us

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