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quarta-feira, 31 de maio de 2017

Você

Você não tem escrúpulos
Não tem ideia do que sou.
Na tua boca escorre um veneno
E jorra pra minha direção
Mas pinta tuas páginas,
Delineia versos sem perdão.

Você sempre foi autora
De obras sem perdão.

Mas já é mais do que hora
De me deixar escrever meus textos
Sem precisarem falar de você
Porque não são teus reflexos
Como tudo costuma ser.

Eu gosto de viver, e você não sabe
Eu gosto de existir, quem não deveria
Já é tarde, já é você.

Não tem teu nome aqui,
Só tua marca, porque já é tarde
Já é você.

Tétris

Frustração

É o caule da minha preocupação.
Ainda existem pequenos espaços
Que espero serem completos
Juntando aos poucos os pedaços.

Sem nenhuma consideração,

Somos deixados sós aqui
Sem uma alavanca
Pra abrir um portão
E fugir.

Mas contanto que se faça sol
E eu possa discernir
Entre as feridas sem dó
E as coisas de coração

Eu vou montar o tudo
Do meu caminho, e sensação
Mesmo estando louco, sozinho
Ou acompanhado e são.

Eu vou estar aqui
Sem uma carranca
De todo o coração
Sem nunca fugir.

terça-feira, 30 de maio de 2017

Cinco (10/2016)

Cinco, de cabeça pra baixo
Cinco, na raça eu também faço
Cinco filhos, um de leão
Cinco filhos, escorpião
Cinco filhos e uma cobra
Um de sagitário
Que ama o de aquário
Eu e você na sombra beijando.

Cinco, sem pensar no significado
Um número ímpar e dourado
Cinco chances e cinco acertos.
Cinco, para os magoados.

Cinco, completo e figurado
Abstrato e imponente,
Onze e vinte, quarenta,
Ainda é noite, e é quente.

Cinco, de cabeça pra baixo,
O relógio no estômago,
Tic tac.

Cinco, no sonho,
Cinco, de fininho,
Te amo, abóbora,
Ambrosia e peixinho.

Cinco, até o próximo seis.
Seis, de cabeça pro lado,
Do teu lado e feliz.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Os Céus Choram Comigo

Os céus choram comigo,
veja só lá fora.
Se está chovendo,
você deve estar pensando

por que continuo tentando
ficar feliz quando estou triste,
esconder a mágoa enquanto
evito ser ignorado.

Será mesmo que é tão importante
para mim ou qualquer outro
ter alguém por perto?

Não importa o que acontece,
eu sempre acabo sendo o mesmo
quando a noite me cai por dentro.

Talvez seja o meu ego
que nunca gostou de ser arranhado,
ou meu espírito
que quer continuar subindo.

Ou talvez seja o meu amor,
mas não acredito
que é inseguro a esse ponto,
de ser tão mal e agressivo
e ser tão mal e agressivo
comigo mesmo.

Eu deveria estar chorando
como os céus lá fora.
Mas estou brilhando
conversando com uma amiga.

E se as nuvens voltam ao branco
depois da água ter chovido,
por que eu só tento ser o sol
se eu odeio aquela cor?

E não é isso que eu faço?
Remendar meu coração
ao fingir que ele é de aço
apesar da escuridão?

Mas é assim que acontece.
Um diamante só nasce
através da pressão,
eu acho.

domingo, 28 de maio de 2017

A Arte de Reclamar

A arte de reclamar
sempre foi mais interessante
na beleza dos versos
arranjados pra rimar.

sábado, 27 de maio de 2017

Sem Saber Que Vão Murchar

Quisera eu ser mudo
Pra não gritar
Quisera eu ser cego
Pra querer ver o mundo
E isso me bastar

Quisera ser analfabeto
Pra não escrever de novo
Não tão cedo
E me conservar

Quisera estar doente
Pra ser cuidado
Ter um bom tratamento
Quisera eu

Estar entre curado e morto
Quisera eu fazer qualquer outra coisa
Que não pensar.

Quisera eu não poder falar
E para isso digitar coisas
Que sem precisarem ter luxo
Fossem bonitas por si só.

Quisera eu não pensar,
Pra que todas as flores
Fossem apenas lindas
Sem saber que vão murchar.

Quisera eu não temer,
Para ser só mais uma flor
Num jardim ou uma fruta
Sendo belo num pomar.

Quisera eu não saber
Que vou murchar.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Larissa

Mas, ah!
Rasga este coração, Larissa,
Despedaça e atira no chão.
Cospe em cima e não me deixa tentar,
Foge de mim.
São meus dedos que vão abrir feridas,
Meu nariz que te procura cheirar,

Mas rasga este coração, Larissa,
Vai de uma vez só que dói menos.
Melhor que ligar pra esta alma
Que te maltrata tanto.

Exprime e explode estes olhos malditos,
Foge, rechaça, late, bandida maldita,
Faz de conta, mente e engana,
Mas rasga num só puxão.
Ninguém quer ver show
Queima tudo de uma só vez
Com toda tua força,
Rasga este coração
E vai embora de uma vez.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Movimento Contínuo

"Não parece bom o suficiente" Não parece, não está. Tem todo o meu nome Espalhado nesse lugar. Toca incessante nos meus fones, Os meus pulsos não param de pulsar. Carrossel de cores, Agora é rosa, será que vai amarelar? Eu não sei o que está acontecendo Nem mesmo aqui dentro, Como posso continuar tentando Prever o movimento Externo, interno, Repete bem gostoso. Eu vou continuar com rosa, Me traz outra xícara de café. Desce a sua calça até os pés, Entrega de inspiração em casa. Expira, as janelas embaçadas, Depois vai embora E tropeça na calçada, O que eu faço agora? Sente o movimento das linhas, É contínuo E, de vez em quando, Faz um círculo Fingindo ser musical. Externo, que inferno Parece doloroso.

Meu dom

Se engana quem pensa
que é assim um dom.
Que ele simplesmente
vem e me ganha
desde todo o sempre.

Esse poema,
como todos os outros,
tem fonte.
Origem escondida
nas profundezas da mente.

Se fosse um presente
eu estaria feliz.
Se fosse do nada,
surpreendente,
não seria frustrante.

É remédio,
amargo,
estonteante,
do vício
que ele mesmo criou.

Só é fonte
de ansiedade,
de dor, e
mal estar.

Eu não quero saber
como você está.
Se em escrever há um dom,
o meu dom é fumar.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Votos de um Poeta Preguiçoso

Senhor Poeta estranho,
De que adiantam tuas boas rimas
Se vão te ler pra fazer média
E preferir minhas toscas poesias?

Não precisa ser tão elitizado.
Não é gostoso quando é calculado,
Só seja mais delicado;

Como eu, poeta preguiçoso,
Que não dou em linha sufoco.
Acaricio o papel,
Não uso lápis oco.

Se lê, se entende.
Outros entendem o que querem também.

Poeta preguiçoso
Nunca é pra ser falso,
Diz frases fáceis
Preenchendo seu espaço.

Poeta preguiçoso
Quer ser o vácuo
Onde o que lê pinta estrelas.
Não se complica demais o simples
Só pra encher o saco.

Poeta preguiçoso:
Quer ser o som,
Não o vacilo ao vento
Tentando ditar o tom.


Juro solenemente não fazer verso gourmet
E se vir a morrer antes de ser lido
O primeiro não levar muito tempo
Até entender minhas rimas;
Me inspirar nos poetas maloqueiros
Somar mil dores e amores
Recitando a arte do cinzeiro;
Não fazer parte dos burros superiores;
E se jamais comprar uma história
E ler o abstrato caos do incompreensível tu
Logo declarar ao maldito poeta
O bom e velho vá tomar no cu.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Tinta

Talvez se eu arrancasse essa pele
Que reflete no espelho
Talvez se eu pudesse simplesmente
Me despir inteiro

Essa natureza não comporta meu jeito de ser
Este eterno desespero quando me levanto ou deito pra ler
Quando eu vou a uma festa, se ministrasse uma orquestra
Talvez não iria haver.
Mas não sai de mim, não me deixa em paz

Então hoje eu vou me matar
Amanhã e pra todo o sempre
Em todos os meus versos
Vou me lavar
Meus pensamentos imersos
Em água benta
Eu vou me afogar

Se realmente tem alguém aí que me ama
Se aproxima no embalo dessa música linda
Porque um dia o pincel vai ser a faca
E o papel meu pulso cheio de tinta

Pra fuga da vida fugaz
Finjo que não sou eu mesmo
Mas ainda estou ao teu esmo
Prestes a cair no marasmo

Talvez se eu me despisse inteiro
De todos os preconceitos
E me deixasse possuir
Por este espírito agourento
Que me cerca e não me deixa
Mas ao menos me gosta
Por quem sou
Mas e quem sou eu?

Mas se você me ama de qualquer jeito
Se aproxima, pode vir sendo tão linda
Porque um dia a tecla vai ser o gatilho
Disparando na minha pele pergaminho

Um dia o compasso vai ter fio
E eu vou ser realmente um rio
Não espera, só vem
Na espera nada se tem
Eu preciso saber se tem alguém
Mortal ou não
Desde que dotado de paixão
Que me queira bem
Não espera, vem
Me ama também

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Garota Praieira

Ela insiste em usar sapatos brancos na praia
Ela puxa a saia e se arrasta em cima da toalha
Que colocou na areia

Mesmo que conquiste todos os garotos
Todos os seus esforços morrerão na praia
Pois essa garota dourada é de outro mundo
E ela tem seus olhos no futuro
Um estilo literário tão culto
Dela muitos poemas dão fruto
Mas ela não liga pros outros
Não tá nem aí
Ela dá risada e sai andando por aí

Ela puxa a saia e arrasta em cima da toalha
Que colocou na areia
Garota praieira
Garota praieira
Muitos a querem mas é pro sol
Que ela faz companhia

Ela ama a cidade, o campo, a grama e a poeira
E o cabelo nunca desarruma
Ela pertence à ventania
Mas nunca se embaraça
Ela pode sair de qualquer encrenca
Erguendo a cabeça

Eu percebi, ela sabe de tudo
Ela usa batom, mas não gosta muito
Ela conquista todo mundo
Mas não liga pros outros
Não tá nem aí

Ela vira a cara e sai andando pela rua
Seja de pedra ou terra, de salto ou sapatilha
Os sonhos que ela colocou na areia
Ninguém pisou em cima

Garota praieira
Garota praieira
Quando bate a doideira
Ela quer namorar
Ela desce a ladeira

Mas garota praieira
Garota praieira
Todos te querem mas é do Sol
Que tu é companheira

Mas é do Sol
Vive na soleira
Vai, brilha

domingo, 21 de maio de 2017

Cura (09/2016)

Será que estou curado
De estar sozinho
E por isso não sofro mais?
Será que alguma alma
Terá empatia por mim
Se não mais sinto
Não mais tenho dor
Nem sonho para seguir?
Quem me abraçará
Ou irá querer cuidar
De alguém que esqueceu por tudo que passou
E que carícias nunca serão demais?
Será que se curar da solidão
É se tornar o único que ninguém quer se aproximar?
Será que alguém se sentirá à vontade
De ser parte de mim
Para que eu não me perca vazio?

sábado, 20 de maio de 2017

Marlboro Reds

Seringas sujas de sangue
Levando meus genes ao próximo
Intoxico a sala inteira
Não pretendo incomodar
A AIDs é que pediu seus corpos
Eu só quis agradar

E os cacos de vidro que eu cheiro
São só pra rasgar minha alma
E as mentiras que eu conto
São só pra te trazer conforto

Marlboro Vermelho
Porque a cor das minhas paredes mudou
Só nessa semana
Porque minha mãe deixou
Vou fumar toda a carteira
E me deixar sofrer.

Se nada disso é real
Nada disso é real
Quando nada disso é real
Não é real

Marlboro Vermelho
Porque minha íris não é lilás
Só nessa vida
Porque meu Pai não quis
Vou fumar as carteiras todas
Pra apressar os planos de partir

Vivo tantas vidas nessa
Só pra desculpar a vida curta
Que eu devo ter
E as maldades que eu faço
São só pra disfarçar o meu sabor doce
De vez em quando
Você devia ver, amor, o quão bom eu poderia ser

Mas sou assim porque
Não tem por quê
Nem pra quem
Porque ninguém quer ver
Palavras doces sussurradas no papel
Ao amanhecer
Porque meus reminders são rejeitados
Pelos possíveis alicerces
De uma possível sanidade

Marlboro Reds
Porque a cor da minha aura é vermelha
Like the red eyes of the bad guys
How am I supposed to be good?
When I live and love you
But there's no such thing in my life?

Marlboro Reds
São reais.
Marlboro Reds
Me enchem mais
Que seus beijos inexistentes
Ou alentos infernais
Da ansiedade
Que me fuma eternamente

Já tive o bastante
De possíveis alicerces
De uma possível sanidade
Basta, cheri, cry,
Vous et absent,
Absent pour moi.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Bichos e Monstros (09/2016)

Bichos decorrem sobre a loucura
Nas letras dos textos e suas músicas
Bichos decorrem a sanidade
Por veias pulsantes de indignidade

Monstros decorrem sobre salvação
No julgamento errôneo do novo
O monstro salva as mocinhas
Disfarçadas na verdade também são

Bichos e monstros
Perdidos na selva se comem
Coisos e trambolhos
Perdidos na selva se matam
Estraçalham
Palhaços do destino se comovem
E morrem na tentativa de serem (sãos)

Cavalheiros na floresta se perdem
E damas se suicidam sem mãos alcançando-as
No fundo de poços imorais
As damas sem rosto arrancam seus cabelos
São negros, ruivos e louros
E embranquecem na imundice imortal
E mal saram feridas
As novas se cortam por cima

São bichos e monstros
Digladiando-se no culto infernal
O fraco e o forte não são um conceito real
No mundo de loucos
É onde há mais sentido moral

E na maquiagem inspirada na noite
Se encontram os melhores sorrisos
E das bocas de batom escuro
Os discursos mais sábios do mundo

O mundo de bichos
E monstros batalhando por dinheiro
No final do túnel
É que tem luz
É onde se faz jus
Homens abençoados por Deus
A despeito do fútil
A profundidade só se encontra no fundo
Nos loucos do submundo.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Tu

Os versos dos homens fracos não te servem
Os dos meus dedos não te agradam nem machucam
E as histórias que eu conto a ti são fracas e leves
Como as coisas que digo por aí, passam pelos olhos, mas apenas ardem

Você deveria ser mais eu, enquanto eu deveria ser mais tu

Toda coisa que dizes é passageira como um beijo na bochecha
Toda coisa que fumas perduras intensa e te apodrece por dentro
Toda mentira que contas é linda e toda verdade és falta afinal
Todas coisas que te digo abrem uma brecha

Você deveria ser mais eu, enquanto eu deveria ser mais também

Tudo que eu te faço é um basta no tesão
E tudo que te canto é desprevenido de refrão
Tudo que me escreves é falso de coração
E tudo que me cantas é lindo e sem perdão

Nós devíamos ter sexo com mais ardência e discussões mais lentas

Eu me refiro a todas as vezes que eu te firo ou tenho a chance
E todas as vezes que eu te deixo de lado são opacos objetos de desejo
E nada na minha vida é tão falso e virtual quanto nossa relação
E toda coisa que eu te digo é uma grande traição que nunca será perdoada
Mas toda chibata vem do fundo mais profundo deste obsceno coração

Você deveria ser mais você, e eu também deveria ser.

Eu te amo tanto que nem eu sei, e você me ama tanto que nem tem ideia
Eu minto tanto que eu nem sei por quê, e tu me odeia tanto que nem quer saber
Eu sou tão gay que nem piedade tenho, e você tão hétero que nem tem o porquê
Você é minha, Nícolas e eu sou teu, Dionéia
Eu sou seu, Dionaeam, e tu é minha a minha mercê
Eu sou do teu direito e tu tens poder a todos os meus clichês
Como esse e outros, que vou recitar sem fim, sem saber
Odeio teus textos sem constância, e amo eles porque são outros que não os meus.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Música Fanha (09/2016)

Eu não pretendi
Ouvir vozes comuns
Mas é de hoje
Que tendo a estranhá-los

Tão frios e normais
São calos dos demais
Que esfriam a música dos meus ouvidos

São calos dos demais
Tão frios e normais
Que levam embora meus versos

Meus textos se tornam escassos
E também estranho
Que sejam tão fanhos
Ou roucos que parece
Tão de propósito
Serem ruins

Que sejam desafinados
Mas deem o recado
Que esperamos ouvir
Mesmo estragado

Nos anos oitenta
Eu não era vivo
Mas queria sentir
Aquela vontade
De voltar aqui

Música, não se acanha
Seja um mártir
Música, entra nas minhas entranhas
Me diverte atoa
Pra eu voltar ao teu covil
Na minha mente
Deixa eu gozar em ti
Pra sempre

terça-feira, 16 de maio de 2017

Menos É Mais (08/2016)

Ficava vendo os retratos
Chupando dedo e
Pagando pau pra essa época do passado
Apesar de tudo
Ficávamos tão lindos juntos

Naquela remessa de roupa suja
Dá pra ver bem claro as mentiras turvas

Eu odeio ela
Ela me odeia
A vida segue
A gente não faz ideia

Eu aprendi com ela
Menos é mais
Versos menores
Palavras dosadas

Vi ela com outro rapaz
Menos é mais
Disfarço as dores
Bochechas rosadas

Ela olha meu nojo
Menos é mais
Menos sem você
E nosso relacionamento cadáver

Menos é mais
Mais de você
Menos de nós
Plus tristé

Eu digo, não importa
A quantidade ingerida
A abstinência não para
Eu bato na sua porta

Te trouxe meu papel
De trouxa

Eu odeio ela
Ela me odeia
A vida segue
Não fazemos nem ideia

Eu amo ela
Ela eu não sei
Ela tem plateia
Vou ser o amigo gay

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Sou Agora

Tenho muitas coisas que poderiam me deixar feliz,
Uma pessoa amada, minha amiga e família,
Costumava não conseguir dormir sem passar por um triz
De ir até a raiz de qualquer mazela que passava.

Eu tenho meus dedos, meus diários.
E me envergonho se sou ingrato.
Não é uma rotina feliz se você puder ter tudo,
E não aceita de bom grado.

E as lágrimas sempre batem à porta,
São tantos momentos felizes,
Insaciavelmente completos.
Assim como minha aura agora.

Uma taça de vinho
Pra ficar sonolento
A carteira de cigarro
Me faz sentir culpado
Mas ela me lembra
De me manter motivado

Meus dias eram sempre os mesmos
Depois que resolvi que ia pra frente
Como se tivesse tropeçado
Na casa do meu pai, adentro a mente.

Mas agora vejo ao meu redor pessoas lindas
Me amando, mas também não entendo
O que fiz pra merecer, mas sorrio
Sou agora do tipo que aceita.

Eu não sei aonde estou,
Mas com certeza já estou muito longe.

Pedaços Meus (08/2016)

Esboço

Agora anoto quem fui,
Ninguém.
Diferente, pretendi ser,
E ruí.

Tosco esboço de ninguém,
Conclusão
Dum nada falsificado
De tudo,

Tanto que mereci a depressão.
Quem era?
Que pareciam engraçados
Os muros…

Do lado guardava uma canção
Efêmera
Que preenchia minhas têmporas
Mas terminou feia.

Buscava minha própria aprovação
Na reprovação
E encontrei conforto na procura
Da plateia,

Aquela que nunca se encontra
Na abstração,
Aquela à qual pedi perdão
Sem cometer pecado algum.

Falava com ególatra afinco
Do suicídio,
No privado interesse azedo
Do show.

Dançava na cozinha seminu
Cheio de ar
Cheirava a fumaça do cigarro
Vaiando

E ao sonhar coisas do futuro
Não era cru,
Não estava no sofá ou vício
A me lembrar.

Segunda Mão

E desta segunda parte,
Segundas intenções,
A segunda mão que
Não fui eu quem deu.

A dizer tenho muito mais
Do que demonstro tão simples
Pois penso tanto em suicídio
Que é difícil estar em paz

Quando eu falo do passado
Aquele monstro mascarado
Que gosta de se fazer de coitado
Tentando habitar meu cérebro
Mas não ocupa espaço
Não tem cheiro, não tem braço
Ele é tão silencioso quanto
Stalkers que sabem tudo que faço

Mas há de haver dia macabro
Que ele mostrará o rosto
Cheio de falhas pelo uso
Do veneno manipulado, aplicado
Na minha cabeça,
É como se fosse o presente
Na minha presença
Se manifesta e some num instante

Eu não sei como dizer
Eu não sei o que fazer
Quando eu falo do passado
Aquele monstro mascarado
Que gosta de se fazer de coitado
Tentando habitar meu cérebro

Ele tinha nome, cheiro
Ele era pessoa com endereço
Marca de roupa
E não usava tinta no cabelo

Foi ele quem tentou me arrancar
Do marasmo que chamei de inferno
E me deu carona até o abismo
Que ele chamou de paraíso

E aquele nome virou tabu
Aquele peito do qual fui pedinte
A musa que não foi Pagu
Do ano de dois mil e quinze

Aprendi a diferença existente
Entre estar lutando com firmeza
Contra algo com forma e carne
E contra a mentira da mente
É a força para continuar de pé
É uma textura de seda ou de sapé
É a força dos músculos ou da fé
Não tem a ver com você.

sábado, 13 de maio de 2017

Abertura (08/2016)

Foi demorado o aguardo
Das mil carruagens ao pasto
Rodando rodas lentas
Pra chegar em quaisquer lugares

Foi dolorosa a espera
De dois mil anos nesta esfera
Tomando estes ares
Convivendo com essas presenças

Agora chegou a hora
Faça-se a Grande Abertura
Finda-se a tortura
Está aqui a promessa cumprida

Ó, Incoerência

Desde todos os tempos
E de todas as idades
De espírito não pereço
Por isso é que escrevo

Ó, Deus
Agradeço
Não sei por quê

Mas está aqui para estes olhos Teus
A minha caligrafia digital
E minha carência de Te ver
De essência presente e imponente
Nas entrelinhas de tal

Todos estão aqui para se entreter
Eu pela dignidade da mão e dedos
Com palavras que soam como uma semente
Apenas olhe o resguardo dos meus medos
Ainda virão melhores que o primeiro
Melhores que os últimos textos.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Retorno

Depois de dois anos vou voltar a usar este blog para postar poemas e textos em português. Era antes chamado de Café Ou Cigarro, depois de Passado Açucarado, e agora passa a levar apenas meu nome, pois assim sintetiza suficientemente sobre o que o blog vai ser daqui pra frente. Ele já passou de pura depressão para apenas um arquivo de lembrança do mesmo e espero poder seguir daqui demonstrando uma evolução não apenas emocional, mas também como escritor, o que acredito já ter feito em The Arths Diaries, blog onde seguirei postando textos em inglês como tenho feito desde 2016.

Tenha uma boa leitura.

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