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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

sábado, 8 de setembro de 2018

Corrosivo

Já não me faz bem, me corrói, rápido demais, me come as células antes que me regenero. Ainda assim não posso fugir, quase pela metade, sem poder aceitar a morte, insisto em resistir.

Me apunhale, me aliene, me agrida ou ameace. Sobreviverei a ti.

Exílio de Silêncio

Me prendi num exílio de silêncio no qual não me permito gritar quando sofro ou gargalhar pela boba felicidade súbita. Talvez me sentisse mais em casa num hospício.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Nutrição


De Débora, do Incoerência, Doce.

Alguns dias são lentos
Morrem como nascem
Sem raiar ou pôr-se o sol
Sem horas contáveis
Ou eventos em qualquer escala
São apenas minutos
Um após o outro
Seguindo-se, qual trilhas de formigas
Buscando alimento em mim

Alguns dias
Desnutrem-se
Pois em mim não há nada

Sou um oco
Um vazio
Uma falta de vida
Ou fim.

Positivo

O ponto é que sou infeliz vivendo do seu jeito
Sempre me dói se tento resolver assim, é tão banal

Mas simplesmente não vai dar certo, você repete
Tudo é negativo, e as coisas boas que você esquece ainda estão lá

Sua insistência quase me faz acreditar
Mas lembrarei do amanhã, sempre invariavelmente passível de se mudar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Dois Contos

Hoje em dia sinto que minhas rimas
Por mais que expremendo dê poesia
Não dizem nada
Perderam seu valor de troca

Eu não queria voltar no tempo
Mas queria aprender
Essa coisa de ter saúde
Em tudo o que amo fazer.

Cristo Cego

Amigo, a longo prazo
Te ter é melhor
Assim do que no prego
Te prendendo
Como um Cristo cego
E injustiçado.

Eu te amo, e te quero
Como amigo
Na progressão
Do infinito

Mas como amante
Nos comemos
Sem sentir o gosto
Amigos, fiquemos.

domingo, 26 de agosto de 2018

Aprendizado

Eu achei que tinha aprendido
Que menos é mais
Que julgar é errado
Mas assim mesmo
Escrevia demasiado
Criticando poemas pequenos.

Poemar

I de III

Se eu conseguir poemar
Se entende por deixar
De lado o escape de amar
E ser amado
Quero reformular
A minha profissão
Mas me dói deixar de lado
O que amei por mais tempo
E com mais paixão

II de III

Não tenho tido tempo pra você
Mas não quero, escrever
Te perder
Mas não tenho, à sua mercê
Conforto

III de III

Quero te pintar e descrever
Porém, pra me fazer feliz
Como uma camiseta esquecida no armário
Que volta a servir

Como uma pílula que tinha gosto ruim
Mas é pra me fazer sentir
Como um normy que se tornou classy
Repaginado e pronto pra agir
Como um usuário de ecstasy
Imaculado e saudável fazendo beleza com poetry.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

a

Eu tenho no sopro partículas de tu
Porque minh'alma em ti crê
Mas a garganta te estraçalha em medo
Quero te perder, Ale

Quero te ter, te ter
Fugir, desaparecer
Teus braços pra me esconder
Uma esmola de um devaneio teu pra me satisfazer

Qualquer instância de apreço
Uma piscadela, um beijo
Um carinho lento no cabelo
Te ouvir dizer "eu te vejo"

Não me cessa o desespero
Ale maneja os seus dates
E não me para o desejo
De ser o primeiro, quando vejo it's late e eu te odeio

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Imundo Sufoco

Imundo sufoco
Vivo de novo
Pra onde eu rumo
Há sempre um muro
Me impedindo
De ter sucesso
Sou ansioso
Mas nem é por isso
Que choro tanto
Sobre meus ombros
Carrego um enjoo
De tanto viver
Só quero sossego
Mas não aprendo
Com nenhum dos meus erros
Não tenho emprego
Tampouco escrevo
Algo que me faça saber
Pra onde é que devo
Correr?

Decepção ambulante
Me salvem do fundo do poço
Quero um ajudante
Pra me agarrar pelos braços
E me tirar daqui

Mas aí,
Quem é que sabe
Se em outro lugar
Haverá
Um sentimento suave
Pra eu mergulhar
Não há piscinas
Na minha vida
Só profundos e escuros
Buracos pra me esconder
Eu só queria saber
Quando isso vai acabar

sábado, 21 de abril de 2018

Lindo

Os santos solitários cantam
Teu canto, tua música
Em todos, em todos os cantos
Tua vida, na minha

Inspirando o mundo inteiro
Cê nem sabe quão lindo cê é
E eu só quero te contar
Pra te ouvir falar que me quer

Passando a limpo meus sonhos
Esforço que ofereço em teu nome
Eu só queria te falar
Todas as minhas palavras

Ter a tua voz nos meus fones
Ter tuas cores em quadros
Pintando minha parede
E tuas rimas nos livros
Preenchendo minhas estantes

Cê nem sabe quão lindo cê é
E eu só queria te contar
Pra ver se você vinha a me querer
E tudo fazer sentido
Quando a gente se juntar

Ter a tua voz nos meus fones
Tua cara nas placas
Tuas listras nos cones
No caminho pra casa

Teu cheiro nas flores
E brilho nas estrelas
Pr'eu ter um mundo de amores
Com tua infinita presença

Cê nem sabe quão lindo cê é
Mas farei meu melhor pra te mostrar

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Numa Arcada Óssea

Eles estão presos
Numa arcada óssea
Impedidos
Não podem escapar

É fútil pensar
Que poderiam ser brancos
Nesse mar
É fútil pensar

Que haveria saída
Que se poderia
Em alguma avenida
Se encontrar

Paz

Pra onde escapar
Não há
Eles não sabem,
Não sabem nadar

E sofrer é o que resta
Aproveita,
E não ter é a prece
A se rezar

Nossa nova magia é sonhar
Preservar
Todas as cascas vazias
De vida

Não tem pra onde escapar
Mas não tem
Coragem pra se apoiar
Nem ninguém

E não tem
Com quem conversar
No além
A gente se vê

segunda-feira, 26 de março de 2018

Fingindo Gostar de Viver

No que viver se deferencia
De faculdades das quais não queria
Se tudo no final é uma porcaria
E nem quero viver

Em quanto tempo terei de me forçar
A fingir, a gostar, de estar
Aqui na Terra, Mãe, Planeta Água?

Será que viver é trabalhar
Pra nunca mais parar
Pra nunca se saciar
E fingir gostar dos momentos rasos
De felicidade
De se perder no mar?

Até quando fecharemos os olhos
Pra dor em nossos ossos
Pra essa blasfêmia de respirar?

Por que todos me querem mudar?
Fingindo não estarem a afundar?
Sou só eu mesmo louco
Odiando aqui estar?

Me afogo no luar
Só queria saber
Se era mesmo a maré
Que a Lua está a puxar

Upside Down

Some days won't kill yourself,
Set the paying back for ourselves
But I'm just not ready yet
I'm very aware,
Just cannot flow right back

Don't mention that
But it's mentioned
Don't talk 'bout that
You have to have

All excuses to be flattered
Followers everwhere
Don't ruin the comeback
We need to stop talkin trash

Rise me up to pull me down
Build all the walls of the town
Then throw in a storm
And through the storm
Lightings shine insights of hell
We just can't get around
All the glittery messed up gall
We stand up because we fell
And I'm enjoying the ground

It just seems all upside down
And it isn't working out
But just don't mention that
It's mentioned

Humilhação

Tudo que eu faço, humilhação,
Num descompasso, humilhação
Estardalhaço, humilhação,
Eu me desfaço, humilhação

Tento, não nego
Me sinto culpado
Compareço,
Vivo n'um terço
De tudo que faço
Contudo, esqueço
Recaio, contesto,
Reclamo, atesto,
Desapareço,
Me machuco,
Eu mereço,
Por desumano eu me passo
Com tudo que peço
E ganho
Não me satisfaço
Nas coisas boas
Que eu rechaço
Construo motivos
Pr'um esculacho
Não sossego meu facho,
Não consigo dormir
Acordo num despacho

Te peço, me seja, motivação
Te peço, me deixa, motivação,
Te peço, me beija, motivação
Te quero, te odeio, motivação!

sexta-feira, 23 de março de 2018

No Embalo da Rede

De vez em quando me encontro afundado numa rede que não é minha, suspenso acima do chão de uma casa que não me pertence, balançando na maresia da praia que pertence a todo mundo. De vez em quando, encontro os olhos de uma companhia que, como eu, está como um estranho convivendo nessa casa de ninguém de nós, e me sinto compelido a confortá-la, com uma vontade que também não é minha.

Meu estômago se retorce e eu entonteço, escondendo a cara atrás da renda, me castigando com a compressão dos punhos segurando firme o pano que me arranha. Será que ela estava pensando a mesma coisa, em falar comigo? Será que sou tão sozinho, e também outras pessoas, porque é difícil ter couragem de quebrar num só impulso a vidraça que nos impede de iniciar uma interação? Um saco. É o que se cria ao redor da minha cabeça quando penso "eu provavelmente deveria dizer olá". Mas sou um estranho em uma terra estrangeira, e não sei o vocabulário adequado, ou a postura mais formal. É, talvez não tenhamos nascido pra nos amigarmos.

Respiro fundo. Espio por cima da rede que usei de muro. Os olhos dela encontram os meus, é como um inseto caindo na retina, olhamos pra outro lugar. O primeiro que sirva de desculpa. Tensão sexual. Merda. Que que eu tô fazendo aqui? Tolice da minha parte pensar que alguém iria querer conversar. Ainda mais se eu não me contenho nem pra fugir de um contato visual. Se bem que continuar olhando poderia parecer... não sei, estranho.

Ah, quem liga? Respiro aliviado. Escorrego o pé pra fora, pra pegar embalo. Quando formos forçados, num jogo de tabuleiro, de baralho, numa piada social fácil de contar, no meio de um sorriso desacanhado, ela vai se encantar. Ou só revelar sua fascinação pela harmonia na qual nossas posições se encontram. Nos juntaremos pra debochar dos donos da casa, e nos sentiremos a vontade pra sair de nossas cascas. Ocasionalmente, será natural o nosso abraço.

Olho pro portão. Um carro estacionando. Ela vai elétrica até ali, num pique complicado. O que está acontecendo? Ah, sim. São seus pais. Ela nem olha mais pra trás. Vai ir embora. Mergulho. Afundo. Sumo. Vou embora.

"Tchau", ouço ela dizer, olhos brilhantes num sorriso implícito a me agradecer, e um aceno de desculpa pelo abandono. "Tchau", sorrio de volta.

domingo, 18 de março de 2018

Ainda Somos Os Mesmos

Não é curioso
Que depois de tanto tempo
Na verdade nossos blogs
Se parecem os mesmos?

Nas suas cores,
Nos seus assuntos,
Nos odores
De planta e chuva
Na escolha
De palavras
Avassaladoras.

O teu sempre superior.
O meu, timidamente,
tentando ser prior
com sermões indecentes.

O teu, meu amor,
sempre melhor.
O meu, que é teu,
tentando se superar.

Não é curioso,
que de tanto tentar
acabamos mesmo
nos separando?

E ainda assim,
ainda somos iguais.

Reizinho

Reizinho me beija
Reizinho me ama
Reizinho me deixa
Debaixo tuas coxas
Pra eu me doar todo
Pra eu te ser um só
Contigo ser um só
Contigo ser o sol
Sermos reis do ciclo
Reencarnarmos juntos
Sermos reis do mundo
Reizinho no berço
Reizinho na cama
Reizinho no beiço
Te dou tua comida
Semeio tua vida
Adoro tua cara
Te amo, me iluminas
Reizinho da minha
Reizinho, comida
Reizinho te amo
Por mais que não exista

quarta-feira, 14 de março de 2018

Olhar Malicioso

Solidão não é o fim
Meus fios grandes
Denunciam
Sou tão mais que isso

No meu olhar de quem quer coisa
Tá contada toda a verdade
Risada, risada, risada

No meu olhar a nossa história
Começo, meio e fim, tá escrito
Acaba na cama, arranha
Até o amanhecer e acaba lá

A cabala denunciará
Nosso destino de se matar
Um por cima do outro
Durante a madrugada

HA, HA, HA!

terça-feira, 13 de março de 2018

Disfarce & Verdade

Nem todo o estilo do mundo
Pode mudar o que você é por dentro
Nem toda a maquiagem esconderá
Sua antipatia

Corrige os defeitos externos
Abafa o inferno interno
Assim não tem como melhorar
Não tenho nada com quê trabalhar

Nem todas as marcas, grifes e barbas,
Óculos, monóculos, cartas,
Sensacionais esportes
Que você pode praticar
Te dão saúde, mas todo açude
Tem fundo de lama

Nem todos os meios de transporte,
Carros Sport, ganhar jogos de sorte
Podem te livrar.

E nem todo o batom,
Dinheiro pra Chandon,
Lingeries de marque
Restaurantes do bom,
A vontade de dar,
Lanchas sobre o mar,
Tudo que quiseres ostentar
Pinta-te de ouro e toca-te a dançar

Se estiveres podre por dentro
Não tenho com quê trabalhar...
Se estiveres podre por dentro
Não quero nem me aproximar
Se estiveres danado, insano
Feio no dentro mais profundo
Nem todas máscaras do mundo
Podem disfarçar

segunda-feira, 5 de março de 2018

Chama Atenção

Quando é pra notar
Meus pedidos de socorro
Meu corpo morto
No meu quarto escuro
Me ignora

Quando eu precisava
Desesperado
De uma palavra de apoio
Estava afastado

Como é que tudo,
De tantas maneiras,
Entrou em tamanha decadência?

Que saudades da época,
Mesmo escura,
Em que ao menos existia razão alguma
Pra eu existir.

Mesmo mórbida
Não parecia falsa.

Saudades de namorar a morte
Quando meu corpo era um altar
Saudades de tudo que era ruim
Que me fazia me sentir quase lá.

Que pena que tudo que é ruim
Chama mais atenção.
Que pena que só se comenta morte, putaria e esperança falsa de dias melhores.

Que pena que eu quero tudo menos
Tudo de bom que acho que falta em mim dentro e arredores.

Anitta

Seu olhinho caindo de sono
Sempre cintilante
Ainda assim tem a boca cheia de vida
Me deixa louco
Usando-a

Quer balançar a bunda preguiçosamente
Não se esforça pra ser gostosa
Eu não entendo como alguém pode ser
De tantas maneiras diferentes assim

Quero você pra mim
E todo mundo que se pareça com você
Quero você pra mim
E todo mundo que se pareça com você

Posta foto fazendo festa
Usando aba reta
Orbitando outro universo
Cidade e favela

Dançando de chinelo
Beijando com a boca sincera
Conjurando um amor estranho
Não tem mais nada
De que eu queira saber

Só quero tu pra mim
E todo mundo que se pareça com você
Quero você pra mim
E todo mundo que se pareça, garota

Nome proibido no meu texto,
Anitta.

Mesmo Infeliz

Não abre a boca pra falar
Nada, nada de bom
Vive a sua vida inteira
Fora, fora do tom

Reclama até enfartarté
rias congestionadas
Morte escorre da língua
ásperásperaiá

Minha intenção não é te magoar
Mas é impossível evitar
Querer que pares de respi
rar se for só pra praguejar

Teu arredor apodrece
Culpado o teu desgosto
E não é que até parece
Que tem no encalço encosto
Tamanho o teu remorso
Tamanho o teu esforço
De mostrar desconforto
Tão infeliz, suponho
E no final me culpo
Eu sou ou não sou um monstro?

Pai do meu corpo torto
Cheio de seus defeitos
E pecados tórpidos de si mesmos

Venho pedir
Que me deixes ser feliz
Venho pedir
Que me deixes ser feliz

Não te mato por um triz
Venho pedir
Que me deixes ser feliz
Venho pedir
Me deixes mesmo infeliz

O Que Quero E O Que Posso Ter

Quero um cigarro
Enrolado num pano
Contrabandeado
Pra fumar escondido

Quero um afago
Mesmo afobado
Perdendo a linha
Eu lambuzado

Quero o teu abraço
Ficar no mormaço
Perdido no espaço
Dentro dos teus braços

Quero um compasso
Pra delinear
Meus limites pequenos e fúteis

E saber de tudo
Que posso, não posso
Modelar meu querer e me ater
Ao mundo no qual mereço viver

Tanta Beleza

Tem tanta beleza
Tem tanta beleza nesse mundo

Menina que não se preza
Bailarina dança
A mãe em casa reza
A filha não tem pressa
E ai de quem lhe impeça de sair...

Tem tanta beleza
Tem tanta beleza nesse mundo
Tem tanta beleza
Tem tanta beleza nesse mundo

Cresça e apareça lá
Não seja sempre criança, tá?
Tem tanta beleza...
Vai lá procurar

O homem com sua arma
Lobisomem vai estuprar
A bala de prata a estourar
Miolos com sangue a jorrar

Tem tanta beleza
Tanta beleza pra se achar

Tem que tá na luz pra enxergar
Tem que tá na luz
Detrás da pele visível do mundo
Afundamos no pus

Tanta beleza
Que não tá pra nós
Tanta beleza
Que me é algoz
Tanta beleza
Perdida no foz
Tanta beleza
Tanta beleza
Embaixo do mar
No desespero
Deixado pra trás
No cabeleireiro
Na Elza
No Rio de Janeiro
E nós presos
Embaixo dum bueiro

Tem tanta beleza
Ainda nem fui até Juazeiro
Sou só de vez em quando
Chamado de fuleiro

Já vi gente morrendo
Sorrindo pro vento
E gente plena
Se doendo inteira

Porque tem tanta beleza

Nos cortes dos pulsos
Mendigos imundos
Governos falidos
Cheios de absurdos

Os cuidadores do povo
Cercando inocentes
Com pistolas automáticas
Atirando na gente

Eu quero saber cadê
Toda beleza desse mundo
Eu quero sabê
Beleza demais pra um
Por que
De menos pra outro?

Um poema, um conto,
Um lamento, um choro
Reclamação do ouro
Indagações no morro

Quando a gente vai sair?
Que horas podemos ir?
Pra bem longe daqui
Bem longe do Brasil

Tem tanta beleza
Tem tanta beleza nesse mundo
Tem tanta certeza
Só pra quem não conhece o fundo

Pra quem é vagabundo
Desprezo, disjunto,
Inútil e sujo,
Porco depressivo

Não sabe cantar
Não sabe nada
Tanta beleza
Me come em cima da mesa
Perde a virgindade comigo na clareira
Me ensina inglês
Com minha boca entre as tuas pernas
Me dá teus peitos,
Me dá’s nádegas
Me dá defeitos
Pr’eu achar perfeitos
Me mostra Elis
Pr’eu esquecer Cobain
Me reapresenta
Pra eu ter que escolher

Me dá um papel infinito
Pra eu escrever beleza
Me dá um palito
Pra eu fazer de cigarro
Tanta beleza
Mas me atiro no barro
Areia movediça
Farsa maldita
Que é a minha vida

Eu quero morrer
Sem precisar entender
Porque é que a vida
“É uma dádiva, viva!”
Me deixa morrer
Sem precisar me conter
Quando lembro meus pais
E me encho de culpa

Tem tanta beleza na vida
Psicóloga ali na esquina
Exercícios em seguida
Se esqueça, envergonha
Não aceita a carona
Porque ter fim
Se você pode ser infinda
Tão linda
Tão linda
Tão linda
Tu és toda
A beleza
Da minha existência

Pena que se foi
E nunca soube pra onde
Tanta beleza
Que se torna maçante

Tanta beleza
Tanta beleza
Tanta beleza
Que já se tornou feiura

sábado, 3 de março de 2018

Engolir Em Seco

Eu ainda sinto o cheiro
E a saudade no peito
Mas engulo em seco
E vivo o desespero

Mas eu não volto pra lá
Do furacão o meio
Mesmo tanto querendo
Eu não volto pra ela

Eu ainda sinto o cheiro
Eu vivo o desespero
Eu engulo em seco
Na garganta os dedos

Penso no abismo
Me atiro no berço
Me mato no mormaço
A saudade no peito

Os cabelos ao vento
Pratico meu talento
Tenho tanto tempo
Amanhã eu tento

Amanhã eu tento
Outro coração sem alento
Como o meu
Engoliremos em seco
Nossos lamentos

Adeus, talvez, até
Nunca mais te vejo
É isso que almejo
Te vejo no axé

Até nunca mais
Fui até o inferno
Pra te buscar
Levando teu terço

Mas se eu encontrar
Outro coração sem alento
Engoliremos em seco
Nossos corpos inteiros

E até nunca mais.

É Fácil Pra Quem

É fácil pra quem não sente
A dor consumindo o corpo
Não ceder à compulsão
Não mutilar os pulsos

É fácil pra quem não está preso
Na jaula que é o crânio
Não querer sair correndo
Gemer de nojo do próprio rosto

É fácil não torcer por um piano
Caindo do céu ao seu encontro
Eu não fumo, é fácil não fumar
É frescura se matar, você só está cedendo aos próprios contos

É fácil não desatar os próprios pontos
Desenterrar no fundo da mais esquecida massa encefálica motivo de se achar merecedor do esgoto
É fácil não ser lixo
Sendo ouro

sexta-feira, 2 de março de 2018

Morte

Eu sou a morte
Sou carne podre
Apodrecendo
Sou pura e puramente a morte lenta

Sou o sofá no qual afundo
O cigarro no teu bico imundo
A toxicidade da tua palavra
Um resumo do teu mundo

Sou vazio imenso e incompleto
Esperando enxerto
Sou uma alma torta vagando a esmo
Sou isso mesmo

Sou o vencedor do povo
Carregando o sofrimento
(Um saco vazio de sentimentos)
Sou ódio e agonia
Querendo ser nada além de poesia

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Coisas Simples

Coisas simples
Me matam
Coisas simples
Arrebatam

Mas mergulho no meu complexo
Pr'alcançar meu âmago
No meu silêncio

Desprovido de conhecimento
Sobre o espaço

Coisas simples
Me matam
Simplesmente
Me matando

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Ficando Mais Vivo

Cada dia mais um passo
Você vai e se esconde
Não nos aproximamos
Por favor não vá pra longe

Não tô ficando mais vivo
Cada dia morremos mais
Eu só queria aceitar o momento
Não sofrer mais

Procurando o quinto elemento
Pra me trazer paz
Eu não sei se eu aguento
Enquanto não chego lá

Mas eu tento
Dizem que eu tenho talento
Mesmo sem encontrar amor

Não tô ficando mais vivo
Cada dia morremos mais
Eu só queria aceitar o momento
Não sofrer mais

Tudo que perderemos
Hm, coração partido
Pense no que você se arrependeria
De não ter tido.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

January End

The end is near
It's almost February
It's clear to me
The end is very near

Clean sheets of January
Shrink'd in the surface
I hope for the future
In the arms of my Harry

I want to be a star
I want to be the moon
I want to be the space
As I do not belong here

I want to go out the atmosphere
I want to become air
I want to be my hair
A nest of cashmere

Won't you lay on me
Infinitely
Won't you be with me
When I'm poor
But poetic

Won't this be the month
When dead and alive is one
When I'm all I wanted to become
For all of this long?

Won't this be done

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Carga Positiva

Que tal esse ano
Pra procurar coito
Ter um novo plano
Tirar o máximo
De dois mil e dezoito
E ser onda quebrando
No efeito do ácido
Do cérebro trabalhando
Com carga positiva
Sem equivalência negativa
Celebrando
A vigência seletiva
A curto prazo
Da natureza contida
Num frasco raso
E sem valor,
Meu senhor
Onde estão as vírgulas?
E as interrogações
E a lógica
Do meu passado
Cheio de vazões
Pra depressão
E nunca dominado
Pela mórbida razão
De ser
Sou realmente
O vazio
Imenso
Esperando a compressão
Pra ser
O ser que mereço
Intenso
E cheio de...

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