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quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Dentes

Este poema é parte do acervo do antigo blog Mainstream Futilities, de 2016. Você pode conferir outros poemas recuperados de lá clicando aqui.

Como de água para etanol
Uma transformação sem precedentes

Me estraga até a alma
Os pulmões, a garganta,
Até as gargalhadas
Eu mereço uma salva de palmas

Eu lembro do tempo
Incontavelmente antes
Com protagonistas
Que agora são coadjuvantes

A dor dos meus dentes
Não se compara ao estrago
Que até a alma se estende
Não existe reparo
Pra dor dos meus dentes

Mas eu nunca me esqueço do tempo
Dos medos dos sabores viciantes
Da saúde que corria ao vento
Incontavelmente antes
Me decepo até o centro
Não há saudade do controle atento

Daquele tempo
Até os estragos sem precedentes
Me tiraram de vez do meu berço
Aonde quer que eu vá e leve meu terço
Segue junto o meu maço
E acendo meus cigarros
E é claro, há dor nos meus dentes.

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