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quinta-feira, 9 de abril de 2015

Sobre estar respirando

Tento me descobrir todo dia
Tudo bem, nem todos
Tem dia que estou mais pras moscas
Tem dia que me solto
Tem dia que me prendo
Tem sensação que vagueia em outras
Tem dia que me sinto vesgo
Eu não me encontro e tem dia que tenho preguiça
Bem mal das vistas
E nada me faz procurar ajuda
E nada eu quero fazer mesmo que eu queira tanto
Eu estou perdido e não me encontro
Nem que procure na minúcia
E tem choro que não sai mesmo que nada reste
E tem conversa que acaba mesmo quando tá boa
E tem gente que não resolve mesmo resolvendo
Que problema é esse na minha cabeça?
Ser confundido mesmo quando entendo
Que mundo é esse que me puseram?
Ser aceito e nunca compreendido
Eu deveria fazer o que todos fazem
E não quero nem pensar
Quero fazer nada, mas não quero sossego
E mesmo com sono tomo café
E mesmo com os pés cansados quero caminhar
E mesmo com tanto defeito me preencho o ego
Eu nunca estou pronto e tenho sempre que opinar
Mas nunca falo nada.
Tem algo errado em querer me preencher só com um pixel
É um quadrado branco cheio de letras
É um quadrado vermelho com som e imagens
Não é nem gasolina, não é nem diesel
Não é a vida que eu queria pra mim
Não é nem Pitágoras, nem são tangíveis
Nem a vida que queria para a amora
Nem a vida que abriga minha menina
Isso está errado e não pode ser nada
Está tudo errado e não pode ser certo
Eu estou cansado de não fazer
Estou saturado e enterrado debaixo da inutilidade de ser
Nada ser
De onde eu agarro vontade?
De onde eu arranco sentido?
De onde eu tiro beleza?
De onde eu vivo feliz?
De onde eu vivo por viver
Se a morte é a única certeza?
É chorar...
É borrar...
É perder.

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