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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Parábola de Ícaro

Preciso de um assento
Coberto de algo fofo
Pra poder me despejar
Uma tigela
Sem bordas
Pra não transbordar

Preciso de uma mão
Pra me puxar

E um alicerce
Pra me manter em pé

Não preciso desistir
Só me manter
On track

Quero saber das forças
Que vão me manter longe
Da marcha ré

Quero saber dos planos
E dos sonhos
Sem seus aspectos
Desmotivadores

Não quero a cegueira
O desconhecimento
Só poder pra enfrentá-los
Tenho certeza
Que todas as dificuldades
Existem
Mas você
Não tem o direito
De esfregá-las
Na minha cara

Quem você pensa que é
Que nem me pariu
E me toma por próprio
E me espanca
Com o tom da voz

Quem você pensa que é
Pra me dizer
Que eu não posso
Governar meu mundo
E ver nele a beleza
Com a qual intendo
Pintá-lo
Por cima
Do teu inferno

Quem é você
Pra achar que vai conseguir
Com suas garras
Me afastar do sabor
Que vou sentir

Num bistrô francês

Você é tudo pra mim
E nada, por causa do que faz
Era o topo
E foi esmurrado contra o fundo do poço
Por não cooperar

E reclama direito
De opinar

E desgosta o protesto
Esbofeteia meu estresse
Chacoalha a bomba
Prestes a explodir
Tem prazer em defender a aura
Manchada, gangrena, do cigarro
Da podridão que lhe esconde a alma
Frágil, doente e amargurada

Mas não irás me fazer cair
Já dizia antes
E reafirmo agora
Sou Fênix
E renasço das cinzas
Pedro, Victor ou Nícolas
Sou a parábola de Ícaro
E na sua queda encontro o conforto
Para uma vez mais
Içar voo.

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