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domingo, 16 de julho de 2017

Pulp Fiction

Nós somos um desenho feio
dançando numa animação mal acabada.
E continuamos sendo um par perfeito
com uma história mal contada.

Somos um romance cheio de defeitos
com um roteiro insuportável,
e ninguém sabe o porquê
dessa química ser durável.

De noite eu em cima de você
na prova real dos teus ossos inquebráveis
no meu te comer interminável.

Nós saímos de uma revista pulp
no fim do século vinte.
De um traço instável
numa expressão triste...

No futuro seremos cult,
esmerado produto midiático.
Assistiremos bebendo yakult
Yuri, lemon, yaoi fútil,

lutaremos até a morte
num filme sem cores nem cortes.
Traremos de volta o cinema mudo
num longa de vinte horas sútil.

Sem dia, durante horas de noite
seremos vaiados nas salas de IMAX
por causa do orçamento desviado do triplex.
Só pra realizar este absurdo
teremos trinta anos sem sorte.

Nós seremos cantados por Jupita Jubilee
nos fenômenos do palco Multi,
versos gritados na corte inglesa,
porque somos a realeza mais útil.

Nós seremos louvados
nas câmaras, no Senado.
Nós seremos lembrados
até nas danças de reggaeton,
em Brasília, na Ásia,
na América, Sudão.

Seremos inseridos em mensagens subliminares
até nas faíscas de um Raiton.


Reescrito; original de 18.04.2016.

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