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sábado, 22 de julho de 2017

Nícolas e Débora

Ele queria salvar o mundo
as mãos nas costas, na cabeça o oculto
Ela queria salvar a si mesma
as mãos amarradas, a cabeça no alto.

Ele tinha muitos argumentos
e ela a preguiça de debater.
Ele tinha orelhas grandes
e ela mal tinha ouvidos.

Ele tinha fatos aos quais se ater
e ela simbolismos que não podia descrer.
Ele escrevia para o público ler,
e ela para a si mesma entender.

Ela e seu rosto escondido
debaixo das cobertas.
Ele e seu procurar incessante
por um rosto amigo.

Ela no Rio de Janeiro
e ele onde morava o perigo.
Ele querendo ser político
e ela analisadora dos convívios.

Dois artistas sem rumo.
Ela e seus sentimentos ambíguos,
ele e suas certezas sem ritmo.
Eles e seus defeitos malditos
em brigas sem espaço pra trégua.
Dois poetas.
Nícolas e Débora.

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