Senhor Poeta estranho,
De que adiantam tuas boas rimas
Se vão te ler pra fazer média
E preferir minhas toscas poesias?
Não precisa ser tão elitizado.
Não é gostoso quando é calculado,
Só seja mais delicado;
Como eu, poeta preguiçoso,
Que não dou em linha sufoco.
Acaricio o papel,
Não uso lápis oco.
Se lê, se entende.
Outros entendem o que querem também.
Poeta preguiçoso
Nunca é pra ser falso,
Diz frases fáceis
Preenchendo seu espaço.
Poeta preguiçoso
Quer ser o vácuo
Onde o que lê pinta estrelas.
Não se complica demais o simples
Só pra encher o saco.
Poeta preguiçoso:
Quer ser o som,
Não o vacilo ao vento
Tentando ditar o tom.
Juro solenemente não fazer verso gourmet
E se vir a morrer antes de ser lido
O primeiro não levar muito tempo
Até entender minhas rimas;
Me inspirar nos poetas maloqueiros
Somar mil dores e amores
Recitando a arte do cinzeiro;
Não fazer parte dos burros superiores;
E se jamais comprar uma história
E ler o abstrato caos do incompreensível tu
Logo declarar ao maldito poeta
O bom e velho vá tomar no cu.