Ele se aproximou de mim com aquele ar desprezível de quem quer provocar. Falava anteriormente de heróis e lendas urbanas, e eu prestava atenção de canto enquanto escrevia cenas soltas do meu livro. Perguntou-me "qual seu superpoder?".
"Ignorar você", respondi, com a voz limpa, sem desviar os olhos do computador.
Seu riso me pareceu de controvérsia. Sua mãe, que costurava à mesa, gargalhou dizendo "Viu? Quem fala o que quer..."
Eu realmente não dou a mínima para nada disso. Não tive maldade em minha resposta, mas pareceu-me que pensaram que eu estava a fim de causar o caos com minha passividade. No final das contas, as pessoas sempre, realmente, falam o que querem e, apesar de temerem ouvir do que lhes desgosta, não têm vergonha de falar. O problema é que elas nunca estão esperando a controvérsia, querem atenção e se irritam quando percebem que estão sendo completamente irrelevantes. Querem somar novos ouvidos ao seu redor, para que possam discursar e serem aplaudidos de pé. Eu com certeza não sou o tipo de pessoa que aplaude a mesquinharia alheia, e não serei capturado por aqueles que desconsidero dignos de aplauso. Aqueles que me agradam sempre são bajulados, eu devo ter algo de libriano nesse quesito, sou propenso a puxar o saco, mas só de quem eu gosto. Por outro lado, mesmo eu sendo o puro representante do zero à esquerda, a ignorância se faz meu poder. Ignorar é a maior arma de qualquer um. Apesar de me acusarem de ter como maior temor não ser reconhecido pelo que faço, não sou o único. Ignorar é uma arma poderosa. E pode ser um artefato de provocação. Alimenta os bullies e preenche o ego dos ignorantes. É algo digno de ser usado com sabedoria, e a apatia lhe é boa substituta para evitar problemas, então, lembre-se de notar quando é ignorar o necessário, pois ignorar é um grande poder. E com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.