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quinta-feira, 2 de julho de 2015

Amor

Aquela velha história do poeta que não sabe falar de amor
Mas e que poeta ama se todo poeta é um enganador?
Assim como eu, assim como ela, e como todo mundo
O que melhor todos falam é de sua dor

E eu não sei...
Eu não sei...
Eu não sei chorar
Eu não sei...
Eu não sei...
Não sei amar

Aquela longa história das nossas vidas, aqueles textos trocados
Aquelas palavras vazias sobre um trailer, uma viagem, um lago
Aquelas vidas que criamos, a imaginação, tudo que não deu em nada
Eu não sei...

E todos os nossos filhos, os Nemos e os numerosos Marlins e Corais Jr.
Os nossos cachorros, gatos, o hamster que vivia no banheiro e a cobra amarela no império de vidro
Todo o trabalho, todo aquele dinheiro, nossa casa pequena de paredes de madeira,
Quantas coisas vão ficar pra trás porque o poeta não sabe amar
E não escreve cartas, não se presta nem ao menos pra ligar,
Tudo por água abaixo, tudo indo de mal a pior, e a noite vai ficando fria
Os espaços são cada vez mais apertados, e os tempos sem você maiores,
As saudades de como você sorria e as memórias de como é linda

Eu não sei...
Eu não sei...
Não faço ideia de como chorar
Eu não sei
E nunca saberei
Jamais vou lembrar...

Mas no tempo mais remoto que chego pensando à noite,
Seu olhar se cruza com o meu pela primeira vez
E em todos os açoites da nostalgia, você estava em meu colo,
E as palavras ficam bonitas quando a dor é assim...
Porque o poeta nada mais é que um sofredor,
E se então você está aqui sendo contemplada no escuro,
Sentir dor na saudade por você é tudo o que eu conheço por amor.

Eu não sei...
Ainda não sei
Não sei chorar
Quem sabe eu sei
Talvez eu saiba
Como se faz pra te amar...

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