Se fossem três traços, seria simples.
Se fossem no tecido, seria fácil.
Mas, a superfície,
de cores peculiares e sua sutil variação,
possui nomes em dobro,
foneticamente compatíveis.
Pertence a um nome composto,
que é demônio e também é santo.
Não dói como antes doía.
Não queima a pureza do espírito,
ou sequer condena o que a danifica.
A inicial do nome de luta,
que esconde a sua verdade na rotação,
agora adora o seu dono,
como se não houvesse mais volta.
O que agora existe não deseja volta.
Traços irregulares,
dispostos em três direções,
carregados de transparências bege,
equivalem à oração de todos os dias.
Peter, meu Peter.
Revelam a permanência
do que não pode ser previsto.
Peter, meu Peter.
Cuja identidade é forjada
em letras de escolha própria,
consciente da própria voz.
Peter, meu Peter.
E seus belos tímpanos
em deleite dos meus elogios.
E meus profundos olhos
à espera da aparição de seus medos e recados.
Peter, meu Peter.
E os diversos pecados
que decido não cometer.
Se não tivesse, outrora,
avistado o poço,
Se a face que hoje agrada
não tivesse observado com cuidado,
Se não tocasse insistentemente
nas mesmas teclas melódicas,
Ou se, por acaso,
não sentisse medo a cada verso,
Não teria ainda
as vestes que hoje habito.
Não seria,
em voz quase exclusivamente interna,
fonte de luz alguma.
Não preencheria jamais
os pequenos vãos que me moram.
De que me valeriam, afinal,
as marcas de batalha,
se não antes soubesse
a beleza da sua estadia?
Peter, meu Peter.
Não há validade mais extensa
que a da regeneração finita.
Se há cura para o que me cobre,
Há cura para todo o resto.
E todo o resto agora
existe em torno de Peter.
Peter, meu Peter.
Precisamente meu.
Preciosamente
Peter
Débora.