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sábado, 2 de maio de 2015

Inútil

Eu sou um inútil.
Irei me punir até que acabe a minha vida.
Porque todo problema que me aparece eu quero morrer.
Minha vida é uma lista de coisas a resolver.
Meus planos são um documento vazio e fantasioso,
E quando me perguntam o que eu quero ser
E digo coisas das quais vou me arrepender.

Meu pulso denuncia
Resumo de todos os meus fracassos
Não sei sangrar
Nunca chegarei a ter minha filha
Quem dirá formar uma família.

Tolo é aquele que me acha inteligente.
Tolo é aquele que aposta em me ajudar.
Tolo é aquele que pensa que fará diferença
Presente em todos os meus dias.
Todos deveriam me abandonar.

Porque eu sei que assim que a vida se mostrar nua e crua
Eu irei me matar.
Porque eu sei que todos os que me amam não são nada
Me encontrarão na rua,
Não vou avisar

Não quero um, quero vários brindes à corda
Envolta no meu pescoço,
Com os lamentosos do massacre segurando taças de champanhes
Vestindo o negro para homenagear a minha alma.
Será que sabem que meu caixão deverá ser branco?
Eu vou flutuar nos mares da morte indigna com outros navegantes

Valerá a pena ir para o inferno em vista da merda que foi criada.
Sofrimento eterno me é pouco se algum dia escolhi viver.
Minha vida boia nessa grande privada.
Que lugar escolhi para nascer!

Parece muito mais uma grandessíssima piada.
Vergonha na cara é o que meu anjo da guarda procurava,
Ainda deve estar procurando,
Pois me deixa ao encargo dos demônios de todas as tentações.
Ou talvez desistiu de mim, ganhando mais ao cuidar de outro.

Talvez eu deva ir logo, talvez eu vá prosperar.
Talvez eu nunca mais vá sorrir novamente,
Talvez eu nunca mais vá me orgulhar.
Talvez eu seja o maior Vencedor, mas, infelizmente,
Talvez eu nem deva tentar.
Quem sabe eu evito e opto logo pela morte?

Que vida intrigante.
Uma hora estou aqui, outra sou própria contradição dos meus pensamentos.
Uma hora respiro e outra sou cadáver.
Uma hora sou Nícolas, outra hora só mais um viajante.

Uma hora você acha interessante minha premissa
Outrora já nem leu este texto.
Quem sabe eu deva me calar, morrer, ir à missa,
Quem sabe eu vá me curar?
Quem sabe essa palhaçada nunca terminará?
Quem sabe eu nunca vá conseguir expressar tamanha decepção,
Quem sabe eu volte são e ascenda aos céus por meio do perdão,
Afinal que erro eu cometi?
Afinal, porque eu persisto em insistir?
Afinal, porque eu não simplesmente agora me termino?
É, fim.

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