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sábado, 30 de maio de 2015

Café, Deus e Cigarros

O otimismo forçado foi outra daquelas velhas histórias que não dão certo.
A mais frustrante delas, inclusive.
De todos os dias que eu já tive, entre os mais negros, entre os mais claros, entre os mais certos e os mais errados, entre todas as coisas que eu conheço, nada jamais foi tão cliché quanto escrever este texto.
Ter que retratar para si mesmo com o fixado egoísmo, e querer mostrar aos outros com grandes pitadas de narcisismo, que eu falhei outra vez.
Sentindo os braços agarrados por forças que não posso compreender, ignorado pelo mundo, acolhido por Deus.
Outrora, aqui estou eu. Agora, tudo fluirá de volta, como era, não deveria ter deixado de ser.
Perder é um estado natural dos fracassados, e os fracassados sempre querem acolher coisas das quais sabem, nem que no mais íntimo deles, que não podem ter.
Aqui estou eu novamente, talvez não um eterno fracassado, mas um fraco, com certeza.
Pedindo força aos braços, sinto eles leves, e me levo a outro cigarro. O acendo, e sinto-os pesados, os braços velhos e cálidos, de uma alma quase esfarrapada.
De tão longe, de banhos longos em lagos do Vale da Morte, por onde os espinhos por sobre o chão ainda não provei, procuro ainda pelas minhas verdades.
Estou amarrado a coisas que não posso entender.
Que não querem que eu entenda.

Junto um pano que caiu no chão. Bebo outro gole do meu café. Conto o passado. Provo um pouco mais do gosto que já conheço tragando o meu cigarro.
Pelos clichés, que mais sou se não sou apaixonado?
Café, Deus, cigarros. E um cinzeiro do lado.

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